O novo luxo é espaço: como o urbanismo virou desejo
Faz algum tempo que o luxo deixou de ser sinônimo de ostentação. Hoje, ele se traduz em liberdade, tempo e espaço. Por isso, cada vez mais pessoas têm trocado a pressa da cidade por lugares onde a vida corre com mais calma, sem abrir mão de conforto, estrutura e bom gosto. É aí que o urbanismo planejado se apresenta como resposta.
Em vez de apartamentos apertados e vizinhanças engessadas, cresce a procura por terrenos em loteamentos bem pensados, cercados por natureza, segurança e identidade. Regiões como Paracuru e Jericoacoara, antes associadas apenas ao turismo ou às férias, tornaram-se o destino de quem busca uma vida mais conectada com o essencial: o tempo, o ar livre, o silêncio, o pertencimento.
O mercado, naturalmente, precisou ouvir. Incorporadoras e urbanizadoras começaram a se reposicionar. Afinal, o novo público de médio e alto padrão não busca apenas um imóvel, quer um lugar com alma. O valor está no bairro, na experiência, na possibilidade de pedalar com os filhos, plantar no quintal, ver o céu estrelado sem precisar viajar.
Essa mudança de mentalidade transforma a lógica do setor. Morar bem já não é estar perto de tudo, mas sim no lugar certo , mesmo que ele esteja um pouco mais distante. Porque o lugar certo é aquele que proporciona mais autonomia, mais qualidade de vida, mais saúde emocional. A casa se estende para o entorno. O lote deixa de ser apenas um pedaço de terra e passa a representar o início de um novo estilo de vida.
O desafio para quem atua com urbanismo é compreender essa transformação com profundidade. Um bom projeto, hoje, precisa unir infraestrutura e afeto: ruas largas, áreas verdes preservadas, acessos inteligentes, segurança e respeito à cultura local. Tudo isso faz diferença.
Quem investe em um lote urbano, hoje, não está apenas adquirindo um ativo. Está fazendo uma escolha de vida. Está dizendo que deseja viver em outro ritmo, com outras prioridades e em um tempo que faça sentido.
E se o mercado quiser continuar relevante, precisa entender: o metro quadrado mais desejado do futuro é aquele que entrega o que o dinheiro, sozinho, não compra: paz, liberdade e a chance de morar onde a vida realmente acontece.
Caio Bianchi é empresário