História: O Barão de Itararé

Escrito por
Gonzaga Mota producaodiario@svm.com.br
Professor aposentado da UFC
Legenda: Professor aposentado da UFC

Fazendo uma pesquisa sobre política na biblioteca da Câmara dos Deputados, encontrei alguns textos sobre o Barão de Itararé. Fiquei curioso e comecei a ler. Gostei e fui em frente. Quanta originalidade!  Naquela ocasião, até para melhorar o meu humor, larguei os dois compêndios de política, e passei a ler as tiradas do Barão. Gostei dos seus ditos engraçados e astuciosos. Assim, conheci melhor Apparício Torelly, o Barão de Itararé, nascido a 29 de janeiro de 1895, no interior de uma diligência que se dirigia do Uruguai para o Rio Grande do Sul, e falecido em 27 de novembro de 1971 no Rio de Janeiro.

Famoso por suas observações satíricas e irônicas, desenvolveu um jornalismo inteligente em vários periódicos. Saúde precária, pouco dinheiro, atividade política difícil, incompreendido, solitário, no entanto, sempre escreveu com muito humor. Exerceu com mais intensidade sua atividade jornalística, na primeira metade do século XX, principalmente, no período Vargas (1930-1945). O Barão tinha consciência de que a violência da ditadura era insuportável e uma das poucas armas de resistência popular estava no humor. Aliás, acredito que o humor é fundamental também para enfrentar as “ditaduras democráticas”, muito comuns nos dias de hoje. Foi preso várias vezes pela polícia secreta do Estado Novo, bem como teve seu mandato de vereador do Rio de Janeiro cassado em 1947. Cansado de apanhar ao ser preso, concebeu a famosa frase: “Entre. Sem bater”. Hoje, mencionada máxima é um lembrete nas portas de muitos gabinetes. Vale a pena destacar algumas máximas do Barão de Itararé, pois continuam atuais: Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo; De onde menos se espera, daí é que não sai nada; Queres conhecer o Inácio, coloca-o num palácio; Além dos aviões de carreira, há qualquer coisa no ar; O tambor faz muito barulho, mas é vazio por dentro; O mal do governo não é a falta de persistência , mas a persistência na falta; Sábio é o homem que chega a ter consciência da sua ignorância.

O Barão contou com a simpatia de renomados escritores, como José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Rubem Braga, Raimundo Magalhães Junior, Jorge Amado, e recebeu de Pablo Neruda uma manifestação significativa: “Al Barón de Itararé un grande entre los grandes, con respeto le saluda de pie el poeta de los Andes”.

Gonzaga Mota é professor aposentado da UFC

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