As falhas nos Anos Finais do Ensino Fundamental 

A pandemia agravou as fragilidades. Estudantes dos Anos Finais enfrentaram perdas nos Anos Iniciais ou na transição do 5º para o 6º ano

Escrito por
Patricia Mota Guedes producaodiario@svm.com.br
Mestre em Políticas Públicas
Legenda: Mestre em Políticas Públicas
Os Anos Finais do Fundamental (6º ao 9º ano) são uma ponte entre a infância e a adolescência, guiando estudantes de 11 a 14 anos ao Ensino Médio. Mas essa ponte precisa de reparos. O Censo Escolar 2024, divulgado pelo MEC (Ministério da Educação), aponta uma queda de 220 mil matrículas na rede pública nessa etapa, dentro de um declínio de 310 mil na educação básica, apesar do aumento na Educação Infantil e no Ensino Médio.
 
Desde 2022, essa redução sinaliza instabilidade. Embora dados de 2024 sobre reprovação, repetência, abandono e evasão não estejam disponíveis, o Censo Escolar Longitudinal indica que metade dos alunos chega ao 9º ano com trajetórias irregulares. A desigualdade piora o cenário: apenas 52% dos nascidos entre 2000 e 2005 concluem o Fundamental na idade certa. Entre pretos, o índice é 42%; em escolas vulneráveis, 39%; indígenas, 23%; e estudantes com deficiência, 22%, segundo o estudo "A permanência importa", da Fundação Itaú. Cerca de nove milhões de jovens não concluíram o Ensino Básico e estão fora da escola, muitos abandonando antes do Ensino Médio. Portanto, o Censo ajuda a desnaturalizar esse quadro.
 
A pandemia agravou as fragilidades. Estudantes dos Anos Finais enfrentaram perdas nos Anos Iniciais ou na transição do 5º para o 6º ano. Sem bases sólidas — como leitura, compreensão de textos e operações matemáticas —, a travessia é mais difícil. Políticas de recomposição de aprendizagem buscam fortalecer essas bases, mas demandam tempo e recursos para evitar mais jovens ficando para trás.
 
Historicamente negligenciados, os Anos Finais ganharam foco com o programa Escola das Adolescências. Com R$100 milhões, a iniciativa oferece materiais, formações para professores e gestores, além de recursos via Dinheiro Direto na Escola, mas é modesta frente aos R$12 bilhões do Pé-de-Meia, voltado ao Ensino Médio. Alguns estados e municípios já estruturam políticas para essa fase, mas é apenas o início.
 
Reverter esse cenário exige colaboração entre estados, municípios e governo federal para fortalecer o Escola das Adolescências e integrá-lo a outros programas. A queda nas matrículas pede metas específicas e mais investimentos, sem comprometer outras etapas. Os Anos Finais são fundamentais para o desenvolvimento dos adolescentes. Que o Censo Escolar mobilize mais atenção e investimento nessa etapa.
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