A vida invisível de Britney Spears

Escrito por Sávio Alencar , salencarlimalopes@gmail.com

No fim dos anos 1990, grupos de jovens rapazes, as famosas “boy bands”, dominavam a indústria fonográfica norte-americana. Quando entrou em cena, Britney Spears redefiniu a música pop. Sozinha no palco, ela cantava, dançava e dava o seu recado: uma mulher também poderia fazer aquilo. Aos 17 anos, ela já era a garota do sonho americano.

Saída da pacata cidade de Kentwood, em Louisiana, Britney estourou com a canção “...Baby One More Time” e logo conquistou a América. Na esteira de seu sucesso meteórico, vieram CDs que venderam milhões de cópias, videoclipes memoráveis, turnês mundiais – e, claro, um modelo de negócio altamente rentável.

Esse detalhe joga luz sobre a atual situação da cantora, que está há mais de uma década sob a tutela legal do pai, Jamie Spears. Nesse regime, Britney é considerada incapaz de tomar decisões quanto à sua saúde e às suas finanças. Lançado no início deste mês, o documentário “Framing Britney Spears”, do The New York Times, investiga o entorno desse episódio dramático na vida da artista.

Sem pretensão de retomar a carreira enquanto a tutela durar, ela conta com a ajuda dos fãs, que organizaram um movimento por sua libertação, o Free Britney, principal responsável pela difusão do fato na imprensa e nas redes sociais. Ao lado deles, o documentário entrevista outras pessoas ligadas a Britney Spears, como Felicia Culotta, amiga e assistente de longa data, e Kim Kaiman, ex-diretora de marketing de sua gravadora.

“Minha filha vai ficar tão rica que vai me comprar um barco”, Jamie teria dito a Kim. A frase aponta para um caso nada inédito na cena musical. Quem assistiu a “Amy”, documentário sobre Amy Winehouse, sabe quão devastadora pode ser uma paternidade que esconde outros interesses. O sonho americano de Britney virou um pesadelo. Sem data para acabar.

Sávio Alencar

Editor e pesquisador de literatura

Consultor pedagógico
Davi Marreiro
16 de Abril de 2024