Saída do Reino Unido da UE não afetaria o Ceará

Sexto maior importador de produtos cearenses, o Estado soberano decide hoje se fica ou não no bloco econômico

Escrito por Áquila Leite - Repórter ,
Legenda: Entre os produtos cearenses comprados pelo Reino Unido até maio, destacam-se os melões frescos, que somaram US$ 6,58 milhões, alta de 44,8%
Foto: FOTO: BRUNO GOMES

Composto por Inglaterra, Escócia, Irlanda do Norte e País de Gales, o Reino Unido resolveu em plebiscito não continuar integrando a União Europeia (UE). A decisão do referendo do chamado "Brexit" era aguardada com ansiedade por todo o velho continente, muito por conta do impacto que isso pode ter no bloco econômico. No Ceará, porém, não há preocupação quanto ao resultado da votação, mesmo o com Estado soberano sendo o sexto maior importador de produtos cearenses na atualidade.

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"Todo exportador e importador, toda pessoa que nacionaliza um produto, ela lida diretamente com um país, não com um bloco econômico específico. O Ceará tem exportações para o Reino Unido, e não para a União Europeia. Assim, em termos de relações internacionais, não faz diferença se eles estão dentro ou fora", opina o superintendente do Centro Internacional de Negócios (CIN), Eduardo Bezerra.

Segundo ele, a Rússia, por exemplo, está fora da União Europeia e tem relações com o Ceará do mesmo jeito que os outros. "A mudança será na relação comercial do Reino Unido com os membros da União Europeia. Saindo do bloco, os itens que comercializa com estes países passarão a ser tributados", diz.

Importador de peso

Apesar de não ser o maior importador de mercadorias do Ceará, posto atualmente ocupado pelos Estados Unidos, o Reino Unido desempenha um papel importante no comércio internacional cearense. De janeiro a março deste ano, por exemplo, o Estado soberano foi responsável por um fluxo de US$ 16,7 milhões nas exportações locais, ficando, portanto, na sexta posição para o período, conforme dados do sistema AliceWeb, do MDIC.

Entre os produtos que o Ceará mais exportou para o Reino Unido até maio, o destaque absoluto foram os melões frescos, que responderam por US$ 6,58 milhões, alta de 44,8% ante igual período de 2015. Produtos que também se destacaram foram: outros calçados cobrindo o tornozelo (US$ 1,88 milhão); castanha de caju, (US$ 1,81 mi); bananas frescas ou secas (US$ 1,80 mi) e melancias (US$ 1,43 mi).

Entre as importações, o Reino Unido aparece com menos destaque no Ceará, já que responde por US$ 18,3 milhões, ocupando apenas a 13ª posição no ranking. A mercadoria que o Estado mais trouxe de lá foi o gás natural liquefeito, que sozinho movimentou US$ 12,9 milhões.

Ruim para os dois

Para Eduardo Bezerra, no fim das contas, a saída do Reino Unido da União Europeia seria ruim para os dois lados, tendo em vista que o primeiro perderia a competitividade de suas mercadorias comercializadas na Europa, que passariam a ser tributadas, e o segundo perderia um de seus mais importantes membros.

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