Polo popular recebe 100 ônibus por semana

80% dos comerciantes dedicam-se a vender no atacado, enquanto 20% concentram-se apenas no varejo

Escrito por Redação ,
Legenda: Em dez anos, centro de compras tornou-se referência no País
Foto: Foto: José Leomar

Em menos de uma década, a Rua José Avelino, que no início dos anos 2000 servia de estacionamento para os ônibus que traziam compradores de outros estados para a feira da Praça da Sé, se transformou no coração do maior polo de confecção do Estado do Ceará. Aos poucos, quase todos os imóveis da rua e do entorno se voltaram para o comércio de confecção. Cerca de 80% dos pontos vendem no atacado e 20% no varejo.

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Hoje, os shoppings e galpões do polo se espalham pela área localizada entre a Rua Sobral, que passa ao lado da Catedral Metropolitana de Fortaleza, até a Avenida Pessoa Anta. Em média, o polo recebe por volta de 100 ônibus por semana - dos mais variados destinos, inclusive de fora do Estado.

Cada um com 40 compradores, que chegam com cerca de R$ 5 mil, cada, para as compras. Mas, dependendo da época do ano, os números contabilizados podem até dobrar.

Movimentação

"A gente estima que a feira, como um todo, deixe cerca de R$ 70 milhões por mês na economia local, apenas nos oito dias de feira", diz Ricardo Sales, secretário da Regional do Centro. O valor pode ser considerado conservador, pois há dias que que o polo chega a receber 140 ônibus vindos, principalmente, de estados do Norte e do Nordeste. De acordo com a Associação dos Gestores de Empreendimentos do Polo de Negócios da Rua José Avelino e Adjacências (AJAA), o polo concentra ao todo 10.400 pontos de venda, distribuídos em shoppings, galpões e lojas próprias. No entanto, nos dias de feira, entre 3 e 4 mil ambulantes ocupam a rua com suas barracas, segundo a Regional do Centro.

Empreendedores

Em geral, o empreendedor da José Avelino é o pequeno empresário que produz dentro da própria casa e atua com familiares, utilizando o polo para escoar sua produção semanal. Assim, cada boxe acaba funcionando como uma espécie de "lojinha da fábrica". Mas alguns cresceram a tal ponto que precisaram criar pequenas fábricas para atender crescente a demanda.

A ex-professora Maria Iodênia Rebouças nunca havia trabalhado no ramo de confecção até 2005, quando resolveu apostar no potencial da José Avelino. Começou com um boxe junto com a filha e hoje possui seis unidades no Galpão do Pequeno Empreendedor.

"Tudo o que eu consegui na minha vida foi lá na feira. As coisas foram melhorando e hoje estou dando muitos empregos", orgulha-se. Sua fábrica, ela diz, oferece 18 empregos com carteira assinada. "Eu tenho 43 pontos de costura, e emprego mais de 130 pessoas em Pindoretama, Cascavel e Horizonte", lista.

Para ela, que semanalmente recebe encomendas do Acre, Pará, Maranhão, Piauí e Rio Grande do Norte, neste ano não houve crise. Já a comerciante Lúcia Botão, que sempre trabalhou com confecção, conta que, em 2008, estava em uma situação financeira "muito difícil" e foi visitar a José Avelino. Após conhecer a feira decidiu trabalhar em um boxe com seu filho. "Comecei com uma loja emprestada e deu certo". Hoje ela possui duas lojas de moda feminina e seu filho já tem uma loja própria em outro galpão.

"Hoje ofereço 17 empregos diretos, e uns 30 indiretos", diz Lúcia que já montou sua própria empresa. "Nesses sete anos, o nosso público vem aumentando cada vez mais. A qualificação das pessoas está muito melhor. E a infraestrutura das lojas já melhorou muito". Sobre a crise, ela diz: "se o cliente não vem até a mim, eu vou até ele pelas redes sociais. Essas pessoas que vêm para Fortaleza, elas vêm para comprar, e se não vierem a gente manda a mercadoria". (BC)

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