Mesmo com seca, agropecuária tem 3 meses de saldo positivo

Fruticultura irrigada puxa geração de postos, mas continuidade da situação dependerá das condições climáticas

Escrito por Redação ,
Legenda: Região do Baixo Jaguaribe concentra grande parte da mão de obra formal do setor da agropecuária do Estado, com a produção de frutas
Foto: FOTO: CID BARBOSA

A agropecuária no Ceará, em meio à crise econômica e à seca, conseguiu a proeza de contratar mais do que demitir durante três meses consecutivos. Após acumular saldos negativos de emprego formal em janeiro (-640 postos), fevereiro (-1.018), março (-651) e abril (-259), o setor teve como resultados a geração de 316 postos de trabalho no mês de maio, 400 em junho e 436 em julho.

>Desemprego freia em alguns setores do Ceará; perspectiva de melhoria

>Indústria têxtil espera estancar demissões 

>Retomada depende de 'pacto patronal'

Esses são os números mais recentes do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Os resultados positivos se explicam pelos crescentes investimentos em fruticultura irrigada.

Cerca de três grandes empresas desse segmento, que atuam na região do Baixo Jaguaribe, geraram muitos empregos durante o período, afirma o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), Flávio Saboya. De acordo com ele, a região abriga em torno de 10 grandes produtoras de frutas como melão, melancia e banana.

"O crescimento dos empregos formais daquela época ocorreu porque uma grande empresa e outras naquela região adquiriam diversas áreas e também abriram poços profundos, já prevendo o que iria acontecer no segundo semestre (suspensões de outorgas para o consumo de água destinada à irrigação)", diz Flávio Saboya.

O resultado apresentado pela agropecuária de abril a julho destoa dos demais segmentos cujos empregos são contabilizados pelo Caged no Estado.

Outros setores

O setor de serviços, um dos grandes motores da economia cearense, fechou 1.476 postos em maio, voltou a gerar empregos em junho (815), tradicional mês de aquecimento desse tipo de atividade, mas registrou um encerramento de vagas intenso novamente em julho (-1.995).

O comércio, outro importante segmento de peso na economia cearense, também mais demitiu do que contratou em maio (saldo de -772), junho (-1.093) e julho (-635).

Suspensões de outorgas

Apesar do saldo positivo da agropecuária durante os três meses, Flávio Saboya estima que o setor não tenha continuado a gerar empregos em setembro e neste mês, cujos dados ainda não foram apresentados pelo Ministério do Trabalho no Caged, devido à baixas nas atividades pela fruticultura irrigada. "Nós estamos sofrendo uma suspensão de outorgas, que são autorizações para o consumo de água para irrigação", afirma ele.

A retomada do emprego no setor nos próximos meses irá depender de condições climáticas favoráveis. "Se isso acontecer, nós teremos um incremento (na quantidade de postos de trabalho) na fruticultura irrigada e em praticamente todos os setores", argumenta o representante da Faec.

Estiagem

O Ceará passa pelo quinto ano consecutivo de seca, a pior já registrada desde 1910, de acordo com a Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), que ainda não possui previsão para o ano que vem, mas não tem registro de seis anos consecutivos de estiagem. O órgão só deve divulgar um prognóstico da próxima quadra chuvosa em janeiro de 2017.

No País

No Brasil, a agropecuária é, juntamente com a administração pública, o único setor que mais contratou do que demitiu trabalhadores com carteira assinada no acumulado dos primeiros sete meses deste ano. Foram 655.783 admissões e 559.355 desligamentos, que resultaram em um saldo positivo de 96.428 empregos criados.

O resultado acumulado de agosto de 2015 até julho de 2016, entretanto, ainda está negativo (-10.933).

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.