Indústria têxtil espera estancar demissões

Setor obteve saldos positivos de emprego de fevereiro a julho deste ano no Estado e acredita em retomada gradual

Escrito por Redação ,
Legenda: Impactada fortemente pela crise, indústria têxtil no Estado fechou cerca de 2.500 postos de trabalho nos últimos dois anos, segundo Sinditêxtil
Foto: Foto: Kid Júnior

A indústria têxtil no Ceará começou 2016 com o saldo de empregos formais em baixa, mas conseguiu gerar postos nos seis meses seguintes, embora ainda insuficientes para repor todas as vagas perdidas nos últimos dois anos. O período entre outubro e dezembro deste ano dá uma dose de otimismo ao setor.

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"Nossa expectativa é que nesse último trimestre de 2016 as demissões sejam estancadas com a possibilidade de se incrementar a produção, já que se tem um movimento de suprimento de matéria prima para as indústrias têxteis", afirma a presidente do Sindicato da Indústria de Fiação e Tecelagem em Geral no Estado do Ceará (Sinditêxtil), Kelly Whitehurst.

Após registrar fechamento de 236 postos em janeiro, o setor obteve saldos positivos nas gerações de emprego em fevereiro (41), março (76), abril (160), maio (97), junho (112) e julho (153). Os dados são do Núcleo de Economia da Federação das Indústrias do Estado (Fiec), obtidos a partir de informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e da Relação Anual de Informações Sociais (Rais).

"O fato de o mercado estar desabastecido por conta dos importados, que diminuíram pela metade nos últimos meses, tem contribuído diretamente para uma retomada do setor, apesar de ainda tímida, diz Whitehurst.

"Apesar da boa notícia de estarmos ganhando mercado que os produtos importados deixam de suprir, o consumo interno diminuiu e isso faz com que o segmento ainda não esteja na curva de crescimento contínuo", acrescenta ainda a representante do Sinditêxtil.

O saldo acumulado dos primeiros sete meses deste ano para o setor é de 403 postos de trabalho, mas a indústria têxtil cearense perdeu, entretanto, cerca de 2.500 empregos nos últimos dois anos.

A recuperação dos postos de trabalho irá acontecer de maneira lenta e gradual, no mesmo ritmo da economia nacional, segundo Kelly Whitehurst.

Confecções

No segmento da indústria de confecções no Estado, a realidade é um pouco diferente. De acordo com o Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhora no Estado do Ceará (Sindconfecções), a previsão é de que o setor gere mil postos de trabalho no último trimestre deste ano no Estado, tradicional período de aquecimento do setor .

"O meu sentimento é de que já está havendo um movimento de retomada. Está bastante lento, mas já estamos vislumbrando uma reação", defende o presidente da entidade, Marcos Venícius Rocha.

Assim como na indústria têxtil, esse número não é suficiente para repor perdas de postos de trabalho anteriores, que desde o início do ano passado até este mês somam cerca de 10 mil, segundo Rocha. "O receio da gente é que terminada essa fase (de fim de ano), voltem as demissões novamente", ressalta.

Além disso, o setor ainda amarga o encerramento de vagas atualmente, "até porque a nossa competitividade é ruim com relação a estados como Pernambuco e Goiás, onde a indústria tem uma carga tributária menor", diz Rocha.

Mudança

Após acumular perda de 82.988 postos de trabalho de agosto de 2015 a julho deste ano, indústria têxtil e de confecção enfim apresentou seu primeiro resultado positivo este ano no Brasil. O setor conseguiu obter, entre demissões e admissões, um saldo 1.567 empregos no País no último mês de julho, segundo dados do Caged.

Os números do Caged no País mostram que dos 12 segmentos da indústria de transformação, além da indústria têxtil e de confecções, apenas quatro apresentaram dados positivos no saldo entre admissões e desligamentos no mês de julho: a indústria química e de produtos farmacêuticos e veterinários (240); de calçados (2.039); e de produtos alimentícios e bebidas (936). No total, a indústria da transformação fechou 13.298 vagas.

dsa

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