Aumenta confiança de pequenos e médios empresários do Ceará com a economia no 1º trimestre

Um dos motivos para a perspectiva mais positiva dos empresários é a percepção de que a economia está começando a melhorar, segundo os últimos resultados apresentados recentemente

Escrito por Redação ,

Mesmo com o País ainda se recuperando da crise econômica, os pequenos e médios empresários brasileiros e cearenses estão mais otimistas para o primeiro trimestre de 2018. Segundo pesquisa elaborada pelo Centro de Estudos em Negócios do Insper, o Índice de Confiança do Pequeno e Médio Empresário (IC-PMN) apresentou um crescimento de 3,76% para os três meses deste ano, somando 66,7 pontos. Segundo o levantamento, o índice marcava 64,3 pontos para o quarto trimestre de 2017.

Um dos motivos para a perspectiva mais positiva dos empresários é a percepção de que a economia está começando a melhorar, segundo os últimos resultados apresentados recentemente. O item obteve a maior alta do indicador, com 6,3%, (65,7 pontos), quando comparado com o último trimestre de 2017. No Ceará, essa expectativa acompanha, por exemplo, o resultado do Índice de Atividade Econômica Regional do Ceará estimado pelo Banco Central, que teve alta (0,43%) em novembro  de 2017 pelo sétimo mês consecutivo. O otimismo com a economia do Estado, medido pelo Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE), também subiu (14,6%), e já tem causado efeito na percepção de alguns empresários. 

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Estratégias

Arady Aguiar, da Mil Ideias, por exemplo, afirma que o começo deste ano ainda é de adaptação por conta do cenário econômico de 2017, mas a loja já está atualizando as estratégias para aproveitar o momento favorável, aumentando a oferta de cursos em 20%. A Mil Ideias trabalha com decoração de ambientes e com o conceito do "faça você mesmo", ensinando o cliente a criar, também, as próprias ideias e ambientes. 

"A gente tem que fazer adaptações. 2017 foi de muita aprendizagem, porque antes você tinha uma resposta do mercado que hoje não se tem mais, então estamos trabalhando mais com os pés no chão e isso está dando resultados mais rentáveis, e estamos levando essa mesma perspectiva para 2018", disse. "Passamos a prestar mais atenção no que o mercado está precisando, então mudamos nossos serviços, estrutura e estamos sempre pensando no que os clientes estão precisando, sempre inovando para não perdermos espaço", completou Arady.

Fora da zona de conforto

E essa nova fase do mercado após a crise também criou uma nova cultura de consumo dos clientes, garante o empresário Carlos Medina, da Royalle Persianas, que produz persianas para revenda. Com a economia ainda voltando aos trilhos, os clientes, segundo ele, têm dedicado mais tempo à procura de preços mais vantajosos, preferindo gastar menos em certos produtos. O cenário tem forçado os lojistas a buscar novas estratégias, mas é essa exigência por uma nova postura que tem fortalecido a confiança de Medina no desenvolvimento dos negócios em 2018. 

"A minha confiança veio pelo fato de ter que buscar uma nova perspectiva de mercado, porque tudo mudou e tirou as pessoas da zona de conforto. A crise veio para mudar a perspectiva de cada negócio, porque não podemos apenas esperar o mercado reagir, mas, com certeza, a economia deu uma reagida e isso também ajuda", disse Medina.  

Lucratividade

De acordo com a pesquisa do IC-PMN, o resultado positivo também é acompanhado na avaliação sobre o lucro, com acréscimo de 4,2%, (71,9 pontos). Variações positivas também foram observadas nos outros quatro quesitos: empregados, alta de 3,5% (58,9 pontos) e investimento, com aumento de 3,2% (63,2 pontos), ramo, crescimento de 3,1% (69,3 pontos) e faturamento, elevação de 2,3% (71,1 pontos).

“Os resultados mostram que a atividade econômica começa finalmente a mostrar sinais de recuperação consistente. Acreditamos que a combinação de inflação baixa, que permite a recuperação da renda real, com taxas de juros nas mínimas históricas, criou um cenário favorável para a volta do crescimento. A leitura positiva do cenário por parte dos empresários deve contribuir para consolidar essa recuperação”, afirmou Gino Olivares, professor e pesquisador do Insper.

No entanto, mesmo com todos os sinais de melhora indicados pela pesquisa, ainda não é momento para arriscar tão diretamente em investimentos e no crescimento empresarial, segundo Medina. De acordo com o empresário, as mudanças no mercado têm forçado as empresas a observarem mais os concorrentes e buscarem uma nova postura de mercado e, assim como Arady, ele acredita que o momento é de adaptar ideias para manter-se competitivo. 

"O mercado mudou muito e temos sentido um aumento no fluxo de clientes, mas eles têm pesquisado bastante e tentando negociar com todos os novos concorrentes, que às vezes vendem produtos bem mais baratos que os nossos, mas como são importados, eles acabam tendo menos qualidade. Então, a nossa nova postura agora, para se manter bem, é nos adaptarmos à demanda, mas também de mostrar para o consumidor que pagar mais por um produto com mais qualidade pode acabar valendo mais no longo prazo", explicou Medina.

Situação no Nordeste

Na comparação por região, em relação ao último trimestre de 2017, o IC-PMN registrou que Nordeste e Sul apresentaram as maiores elevações na confiança para os três primeiros meses deste ano. O crescimento para ambas foi de 5,5%, atingindo 66,7 pontos e 66,6 pontos, respectivamente. O Sudeste, que fechou com 66,6 pontos, teve alta de 3,3%, enquanto o Centro Oeste teve variação positiva de 3,1%, com 66,2 pontos. Os empresários do Norte foram os únicos que sinalizaram menos confiança para o período, com recuo de 1,9%.

Ranking por setor

A melhora também aparece em todos os indicadores da indústria, serviços e comércio, nas avaliações sobre os setores da economia. A confiança para serviços obteve a maior alta, com 5,2% (para 67,3 pontos), seguido do comércio com 4,0%, (67,1 pontos) e indústria, com alta moderada de 0,6%, (64,6 pontos), nas comparações diretas com o quarto trimestre de 2017.

Os dados do IC-PMN foram obtidos por meio de entrevistas telefônicas com 1.263 pequenos e médios empresários de todo o País, dos setores da indústria, comércio e serviços. A margem de erro do índice é de 1,4% para mais ou para menos, com um nível de confiança de 95%.

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