Micros e pequenos são estimulados com cotação alta

Com desaquecimento da economia nacional, o exterior tornou-se atrativo para os que têm produtos de exportação

Escrito por Redação ,
Legenda: O gerente comercial da Cerbras, Ricardo Veras, afirma que a meta da empresa atualmente é exportar 5% da produção, estimativa que deve ser de 10% no próximo ano

Apesar de os efeitos negativos serem os mais evidenciados, a alta da moeda americana tem também uma faceta positiva, e beneficia especialmente os empresários e produtores que trabalham com exportação. A cotação mais alta do dólar comercial trouxe bons resultados para quem já apostava no comércio exterior e tem estimulado a expansão internacional dos negócios para micros e pequenos empreendedores.

> Importação e custos são reduzidos

Com as vendas internacionais concentradas principalmente nos países da América Central e ilhas do Caribe, a Cerâmicas do Brasil (Cerbras), com sede em Maracanaú, projeta um aumento de 100% nas vendas de exportação este ano.

A variação do câmbio deixa as negociações mais flexíveis, possibilitando abatimentos de acordo com o volume de compra, sem reduzir demais o rendimento de quem vende o produto. "Quando a cotação do dólar está baixa, a gente fica menos flexível porque a margem de lucro fica pequena e a cerâmica não tem tanto valor agregado. Já com a alta do dólar, qualquer empresa que trabalhe com exportação vai ter uma política mais flexível, e isso se reflete no aumento das vendas", detalha o gerente comercial da Cerbras, Ricardo Veras. Em 2015, acrescenta ele, a meta da empresa é exportar 5% da produção, estimativa que deve ser de 10% no próximo ano.

Apesar de não serem suficientes para substituir uma eventual queda nas vendas para o mercado interno, as vendas internacionais, segundo Veras, também vão ajudar a concretizar a projeção de crescimento da Cerbras, prevista em 25% para este ano.

Negócios internacionais

Com a instabilidade da economia nacional e o mercado interno desaquecido, a variação do dólar passou a ser ainda mais interessante para pequenos empreendedores.

"Nós estamos trabalhando exatamente na preparação dessas empresas, para que elas estejam adaptadas e com os produtos adequados para a exportação, porque esse não é um processo rápido", explica a coordenadora do Centro Internacional de Negócios (CIN) da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Beatriz Dias Bezerra.

Essa preparação é o foco do Programa Inseri, desenvolvido pelo CIN, em parceria com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas (Sebrae), e que deve contemplar cerca de 60 pequenos negócios que desejam se internacionalizar, seja por meio de vendas ou de parcerias estratégicas.

"Esse projeto abrange a visita a diversas feiras para prospectar mercados, ver como está a adequação do produto, ajudar a entender a legislação para que o produto possa entrar em outro país, pontos que são bastante delicados", enumera Beatriz. O programa terá duração de um ano e deve contribuir não apenas para a expansão dessas empresas no exterior, mas também para torná-las mais preparadas para o mercado interno.

"O objetivo final é que elas se tornem mais competitivas, para concorrer com os produtos importados no contexto local", frisa a coordenadora do CIN.

Exportação estratégica

Mesmo com todo esse suporte, ressalta Beatriz, o bom desempenho no mercado internacional está diretamente relacionado à importância que a empresa confere a esse investimento. "O resultado vai ser rápido se ela de fato tem a exportação como estratégia, e isso demanda tempo, paciência e perseverança", pondera. Segundo Beatriz, as empresas que mais tem procurado o programa, até agora, são as ligadas aos setores de confecção, calçados, plásticos, cosméticos e alimentos e bebidas. (JC)

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