Importação e custos são reduzidos

Quando o assunto é comprar do exterior, as empresas são forçadas a gastar e aplicar menos para sobreviverem

Escrito por Redação ,
Legenda: Com as oscilações do dólar, a compra de grandes volumes de mercadorias passou a ser precedida de uma análise mais detalhada do mercado
Foto: Foto: Bruno Gomes

Itens de decoração, utilidades de plástico que ajudam a organizar a geladeira ou as bonecas e jogos licenciados que estão sempre na lista de presente das crianças. Bastante comuns no cotidiano e geralmente relacionados às lojas de importados, os produtos do setor de plásticos e brinquedos já vinham protagonizando uma redução no número de vendas devido à maior cautela que orienta os consumidores. Com as variações do dólar, essa retração se associa, agora, ao menor número de importações e à necessidade de cortar os custos para a manutenção das empresas.

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A redução da demanda já havia freado as aquisições de novos produtos na Tókio Importados, cujo estoque é praticamente todo proveniente da China. "A procura não está sendo como era antes, e o cliente visualiza muito a questão do bem durável, mas o produto importado não tem aquela qualidade. Todo mundo foi afetado pela economia", avalia o gerente comercial da empresa, José de Moura Castro Filho.

Com as oscilações da moeda americana, a compra de grandes volumes de mercadorias passou a ser precedida de uma análise mais detalhada do mercado. "A gente começa a pensar duas vezes, já reduzimos nossas compras em 25% desde março", contabiliza Castro Filho, relacionado a medida com o período em que o dólar atingiu as maiores cotações comerciais.

Otimismo

Uma das alternativas estudadas pela empresa é buscar produtos similares produzidos em território nacional, caminho que não tem mostrado muito êxito. "É complicado porque o fabricante nacional usa insumos importados também. Estamos procurando fornecedores novos, pessoas que não sejam atravessadoras de terceiros, para manter o preço não tão elevado", adianta o gerente comercial.

Apesar das dificuldades, Castro Filho se mostra otimista com o cenário, que ele considera "passageiro". "Tivemos uma crise maior, quando vários países estavam afundando e nós estávamos bem. Somos um País sólido e muito rico, isso vai ser passageiro", projeta.

Produtos licenciados

Esse otimismo não é tão presente na proprietária da rede cearense Planeta Brinquedo, Patrícia Couto. Lidando com produtos licenciados, ela também depende quase que exclusivamente de importação e nem sempre consegue achar alternativas para amenizar os efeitos do dólar e da alta carga tributária. "Como eu vou substituir marcas como Lego e Barbie? O nosso brinquedo não é tão barato e agora está chegando ainda mais caro", diz.

Sentindo também uma procura menor por parte dos consumidores, Patrícia diz ter adotado um lema para este ano: "fazer mais com menos". "Vamos reduzindo os custos, sendo ainda mais eficiente para não repassar tudo para o consumidor. Já teve corte de pessoal e otimização da equipe, por exemplo", ilustra a proprietária da marca.

Essas medidas vêm acompanhadas, ainda, da redução no número de compras, decisão que parece ter sido tomada não apenas por Patrícia: segundo os dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exrterior (Mdic), as importações de brinquedos, jogos e artigos de divertimento caíram 56,6% este ano, no Ceará, entre os meses de março e abril, comparando com o mesmo período do ano passado.

"Provavelmente, vamos vender um pouco menos de unidades esse ano, acho que em torno de 5% a menos, apesar de faturar um pouco mais, por conta do aumento do produto", estima Patrícia. A estabilização da moeda estrangeira é uma das esperanças da empresária para que o Dia das Crianças, data chave para o setor não seja muito prejudicado pela alta de preços.

Câmbio mudou rotina de compras

Os cuidados com o corpo, cabelos e a maquiagem da empresária Luana Parente, 24, têm selo internacional: exigente com a qualidade dos produtos que utiliza, ela compra todos os itens de beleza fora do País, em viagens de férias ou como encomendas trazidas por amigos, pagando sempre à vista. A variação recente do dólar tem mudado, contudo, um pouco esta logística, afetando o bolso dela e a maneira como organiza as contas.

"Antes, quando eu comprava nos Estados Unidos, um batom era cerca de R$ 40, e aqui no Brasil era o dobro. Hoje, o batom, lá, sai por R$ 65, e aqui continua R$ 80. Então, está sendo melhor gastar um pouco mais, colocar no cartão de crédito e receber o produto na hora", compara. Luana diz que já tentou substituir alguns cosméticos por marcas brasileiras, mas não se adaptou à química.

Com a alta da moeda, ficou mais vantajoso comprar os produtos aqui mesmo, ainda que com acréscimo das taxas de importação. Os gastos com os produtos, antes orçados em R$ 200 mensais, subiram para R$ 300. "E eu tento não acumular muitas coisas para comprar tudo de uma vez, porque assim sai muito caro", diz.

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