Estados cortam 47% dos investimentos

Conforme a pesquisa, o ranking das maiores quedas é liderado por Rio de Janeiro (94%), Pará (92%) e Goiás (90%)

Escrito por Redação ,
Legenda: O resultado é que os Estados acumulam um amontoado de obras interrompidas, a exemplo do metrô de São Paulo
Foto: FOTO: EDUARDO SARAIVA / FOTOS PÚBLICAS

São Paulo. Com uma estrutura inchada pelo aumento da dívida e crescimento das despesas com pessoal, e diante do cenário de recessão econômica, alguns Estados brasileiros estão sem dinheiro até para pagar o funcionalismo público. A alternativa de boa parte dos governadores tem sido sacrificar os investimentos. Só no primeiro bimestre deste ano os recursos aplicados caíram 47% em relação a 2015, de R$ 2,1 bilhões para R$ 1,1 bi.

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O resultado é que os Estados acumulam um amontoado de obras interrompidas em todo o Brasil, sem previsão para serem concluídas. São projetos de várias áreas: de metrô a hospitais, de estradas a creches, de esgoto a escolas. Algumas foram interrompidas no meio e viraram grandes esqueletos; outras estão suspensas até a situação melhorar. E há ainda aquelas que estão sendo tocadas, mas num ritmo lento, com cronogramas a perder de vista.

"O investimento foi a grande variável de ajuste das contas públicas", diz o consultor econômico do Senado, Pedro Jucá Maciel, responsável pelo levantamento do orçamento dos Estados, que considerou as despesas liquidadas (fase anterior ao pagamento) no primeiro bimestre. Jucá diz que a queda de quase metade dos investimentos foi surpreendente porque a base de comparação já era fraca.

De acordo com a pesquisa, o ranking das maiores quedas de investimentos é liderado por Rio de Janeiro (94%), Pará (92%) e Goiás (90%). O Rio Grande do Sul, que tem amargado a falta de dinheiro para pagar os servidores, só não entrou na lista porque os investimentos do ano passado já haviam sofrido corte drástico.

Contingenciamento

Houve aumento no Paraná e em Santa Catarina para recuperar a defasagem de investimentos. "A partir de janeiro de 2015, fizemos um contingenciamento de 25% no orçamento, revisamos licitação em curso, renegociamos contratos e proibimos novas contratações", afirma o secretário da Fazenda do Paraná, Mauro Ricardo Costa.

A crise fiscal paranaense se tornou emblemática pelo confronto entre professores e PM durante votação do projeto que alterava o regime previdenciário dos servidores. "O ajuste custou muito à popularidade do governador (Beto Richa). Mas conseguimos um superávit de R$ 2,5 bilhões em 2015 e voltamos a investir neste ano", diz Costa.

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