CSP avaliará dentro de um ano duplicar a produção

O presidente da Siderúrgica, Eduardo Parente, mostrou otimismo em relação ao futuro da indústria

Escrito por Armando de Oliveira Lima - Repórter ,
Legenda: Neste semestre, a estimativa da CSP é exportar 1,563 mi de toneladas de placas
Foto: Fotos: Helene Santos

Ao comparar o momento de crise econômica com a rebentação do mar e a Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP) a uma jangada, o novo presidente da empresa, Eduardo Parente, afirma que as obras tornaram a CSP uma das indústrias mais sólidas do mundo - "nossa jangada é parruda" - e disse estar confiante. Ele pretende, dentro de um ano, dependendo das condições do mercado, duplicar a capacidade de produção do empreendimento para 6 milhões de toneladas de placas de aço. Neste ano, US$ 50 milhões serão aplicados no empreendimento.

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"Investimentos previstos para 2017 são ajustes complementares à obra. Estou falando de algo em torno de US$ 50 milhões, o que é muito pouco do que já foi aplicado até hoje. A gente está em um momento de ajustar operação", afirma, admitindo que a usina ainda não está no azul e comparando o valor aos R$ 14,8 bilhões já investidos desde o início do projeto.

No primeiro contato com a imprensa cearense, ocorrido na manhã de ontem, após quatro meses e meio morando no Ceará - "que mais parecem três anos" -, Parente fez questão de destacar os números contabilizados pela CSP, com ênfase para o tempo de realização do projeto. "Foram quatro anos, desde a primeira estaca até a primeira placa. Foram três meses de comissionamento, quando a referência que temos é de cinco meses e, no Brasil, não se faz por menos de um ano", afirmou novamente citando a obra como "impecável", principalmente por não ter excedido o orçamento inicial e ter apenas um atraso de sete meses.

'Colocar economia de pé'

Perguntado sobre qual seria o projeto pessoal dele dentro do empreendimento consolidado e marcado por metas e números estritamente estudados, Parente afirmou que objetiva "colocar a economia de pé". "O projeto tem que começar a dar lucro", declarou, sem, no entanto, estimar quanto tempo será necessário para que isso aconteça. "O tempo vai depender muito de mercado, da condição do entorno. Tendo um mercado favorável, a gente está começando a falar em duplicar (a produção da CSP). Menos favorável, vai demorar mais tempo. Mas acredito que se estamos falando seriamente em duplicar, é porque conseguimos um empreendimento de grande sucesso".

Exportações

Até agora, segundo apresentou o executivo, a CSP já enviou um milhão de toneladas em placas de aço exportadas, via Porto do Pecém, apenas seis meses depois do primeiro embarque. Ao, todo, são 13 países para os quais a produção foi direcionada. Ainda para o primeiro semestre de 2017, o novo presidente apontou a previsão de exportar mais 1,563 milhão de toneladas de placas de aço via 39 navios que irão atracar no Porto do Pecém.

Mercados propícios

Admitindo sofrer influência direta do câmbio, devido aos insumos com os quais trabalha (minério de ferro e carvão mineral), Eduardo Parente defendeu o projeto que eleva de 20% para 40% o percentual de produção direcionado para o mercado brasileiro pelas indústrias localizadas dentro de uma Zona de Processamento de Exportação (ZPE), como é o caso da CSP.

"Os grandes consumidores de placas do Brasil são os mesmos de sempre, que é Usiminas e CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), e a gente, hoje, tem conversas com eles, mas sempre levando em consideração essa limitação", revelou o presidente sobre esta possibilidade.

Ao mesmo tempo que destaca o feedback positivo tido pela CSP por parte dos clientes internacionais, Parente afirma que "a indústria brasileira é desequilibrada" em relação ao consumo de placas de aço, uma vez que as usinas brasileiras "muitas vezes preferem trazer a placa (do exterior) que religar os alto-fornos, que seria muito menos eficiente do que isso".

Com a permissão de enviar cargas para o mercado brasileiro, surge uma alternativa ao mercado internacional - foco da CSP desde o início da operação, em 20 de junho de 2016 -, o qual sofre com os efeitos do crescimento acelerado da China. "O mercado externo não está fácil. Temos uma indústria que cresceu muito junto com a China, que desacelerou, e hoje você tem uma capacidade ociosa muito grande no mundo - uma utilização menor que 85%. O que a gente sabe que não é saudável para as margens da indústria", avalia, e ressalta: "No entanto, a gente é muito competitivo. Temos a melhor tecnologia do mundo, estamos no estado da arte, a gente tem o melhor minério do mundo e muito competitivo, e estou muito confiante de que, apesar da crise, a gente vai se destacar no setor".

Cadeia produtiva

Desejado pelo governo do Estado desde a confirmação do projeto entre a brasileira Vale e as sul-coreanas Posco e Dongkuk para a instalação da CSP no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), a formação de uma cadeia produtiva que propicie um polo metalmecânico na região continua sendo algo a ser conquistado, mas que não deve estar longe de virar realidade.

"Óbvio que quando se tem cliente mais perto é melhor que ter mais longe, até porque cria uma relação não só comercial, mas como de visão de tecnologia que funciona muito bem. Achamos que o polo metalmecânico é uma questão de tempo. Isso vem, pois a indústria está olhando a qualidade do que estamos fazendo aqui e estamos sendo muito bem recebidos. Não sei em quanto tempo. Agora, não tenho dúvida de que não vá ter. Isso aqui é uma âncora espetacular", afirma Parente, destacando ainda "a competitividade que o Ceará está dando para a indústria do aço".

Segundo ele, "essa eficiência na obra só foi possível porque existiu um apoio enorme do governo do Estado" e "o que tem hoje pendente do governo é marginal perto de tudo o que já foi feito", destaca. Parente refere-se à ampliação do Porto do Pecém e a construção da chamada Rodovia das Placas - uma via de fluxo exclusivo dos caminhões da CSP para o Porto do Pecém.

"Eu vim de um projeto do Rio de Janeiro, no qual tudo o que eu queria lá era uma ZPE, duas térmicas e uma siderúrgica. Eu não consegui nada disso lá e aqui já está tudo instalado", comemora, comparando a CSP ao Porto do Açu, da Prumo Logística.

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