'Cooperados são diferencial para enfrentar a recessão'

Para presidente do Sistema OCB, capital humano forte possibilita prever crises e aproveitar as oportunidades

Escrito por Redação ,

*Presidente do sistema OCB

Desde 2015, o País vem sentindo os fortes efeitos de uma crise política com profundos reflexos econômicos. Como as cooperativas têm conseguido manter seu espaço?

O cenário político e econômico do País têm interferido nos resultados de todos os setores econômicos, e isso inclui as cooperativas. Como todos, colhemos os frutos azedos da crise. Entretanto, o cooperativismo possui um elemento que possibilita passar pelas dificuldades minimizando seus impactos negativos: o cooperado.

A cooperativa é uma empresa de gente, cujo principal capital é o humano. Desta forma, com investimento forte, gestão especializada e apoio de todo o seu quadro social, as cooperativas anteveem crises e, desta forma, aproveitam as oportunidades, pois se lançam cada vez mais seguras em um mercado competitivo e que exige resiliência de todos os envolvidos.

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O que as cooperativas têm a oferecer de mais importante?

Sempre digo que as cooperativas, muito mais do que grãos, crédito ou serviços, oferecem confiança aos cooperados, aos fornecedores, parceiros, clientes e governos. E, assim, devagar e sempre, elas vão caminhando por entre os frutos azedos, colhendo o melhor sabor de todos: a sustentabilidade de seus negócios.

Considerando que o País ainda está imerso na crise, o que esperar de 2017?

Nossa expectativa não pode ser outra. É crescer! Só assim, com essa vontade e muito foco, poderemos ser mais criativos para encontrar as melhores soluções para problemas do mercado, do cliente, do concorrente, dos fornecedores. Não temos dúvidas de que será um ano difícil. Aliás, tem sido. Mas também não ignoramos a força dos nossos cooperados que, como ninguém, querem vencer mais esta crise, ampliando sua participação nos mercados interno e externo e gerando mais segurança econômica não apenas para os cooperados, mas para toda a comunidade localizada em volta das cooperativas. Sabe o porquê? Por acreditarmos na união e, ainda, na máxima de que todos vencem à medida que ninguém perde.

Há sinais da volta do crescimento econômico?

Não temos clareza do que está por vir, mas já podemos adiantar que a palavra de ordem será retomada. Independentemente de afinidades partidárias, precisamos trabalhar juntos, em verdadeiras redes de colaboração, para ver o Brasil voltar a crescer com sustentabilidade. Isso significa vencer dificuldades, rever processos, mudar o que for necessário e manter o que tem funcionado.

Essas dificuldades têm a ver com as três reformas (trabalhista, previdenciária e tributária) propostas pelo governo federal?

Também. Elas são um grande exemplo disso. O cooperativismo não é contra nenhuma reforma, aliás, sabemos que elas precisam ser feitas. O que queremos, entretanto, é participar do processo. Temos muito a contribuir, pois lidamos diariamente com pessoas, as mesmas que serão afetadas pelas mudanças. E precisamos evidenciar nossa contribuição, pois não é justo que os direitos já adquiridos pelas cooperativas sejam desrespeitados.

As cooperativas, mesmo diante de contextos turbulentos, posicionam-se fielmente aos seus valores e princípios, trazendo segurança a seus associados e às comunidades onde estão presentes, funcionando como um porto-seguro para a sociedade brasileira. E assim nos colocamos mais uma vez, reforçando o nosso compromisso com um Brasil mais justo, de igualdade de condições.

Quais as principais dificuldades do cooperativismo brasileiro atualmente?

Temo muitos desafios pela frente, mas também a vontade de retomar o orgulho de sermos brasileiros e de vivermos em um País de diversidades, riquezas e oportunidades. Por isso, recentemente, o Sistema OCB lançou a Agenda Institucional do Cooperativismo, um documento que reúne os principais pleitos das cooperativas brasileiras para este ano.

O que podemos destacar neste documento?

Um exemplo é a aprovação do Projeto de Lei Complementar (PLC) 100/2011, que abre possibilidade para as cooperativas de crédito gerirem as disponibilidades de caixa dos entes municipais. E o PL 3729/2004, que atualiza as regras de licenciamento ambiental, ao mesmo tempo em que protege os passivos ambientais.

E para superar estes desafios, um amplo trabalho conjunto tem sido feito entre OCB e os integrantes da Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop), visando sensibilizar não só o Congresso Nacional, mas o governo federal e o Poder Judiciário. Que mensagem o senhor deixaria para os cooperados?

O cooperativismo tem um papel relevante. Geramos trabalho e renda, alimentando um processo de inclusão e de desenvolvimento no País. Mas para que possamos continuar contribuindo com o crescimento do Brasil, temos de atuar com assertividade, no sentido de garantir que as nossas peculiaridades sejam contempladas nesse momento de reformas.

Por isso, deixo aqui o meu convite aos meus irmãos cooperados para que se apropriem da cooperativa, participando do processo da gestão, busquem estar próximos à diretoria para que, assim, as decisões possam ser ainda mais legitimadas. Se envolvam! Só assim teremos a oportunidade de transformar a realidade, alcançar nossas metas e construir o futuro que tanto desejamos.

Confiança

"Muito mais que grãos, crédito ou serviços, as cooperativas oferecem confiança aos cooperados, fornecedores, parceiros, clientes e governos "

"Não somos contra nenhuma das reformas. Sabemos que elas precisam ser feitas. O que queremos é participar do processo"

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