Castanhão sangra pela primeira vez

Escrito por Redação ,
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Foto: Cid Barbosa

Para admiração dos moradores da região jaguaribana, o Açude Castanhão sangrou pela primeira vez depois de sete anos de obras e quase um século de planejamento. Embora muitos não acreditassem que a barragem chegaria a funcionar, ontem as 12 comportas que represam o Rio Jaguaribe foram abertas por pouco mais de meia hora.

A força da vazão das águas atingiu velocidade de 300 metros cúbicos por segundo com apenas 50 centímetros de abertura. Até então o açude estava com um volume de 3,8 bilhões/m³, o correspondente a 56,7% da sua capacidade total de armazenamento que é de 6,7 bilhões/m³.

O momento ganhou contornos de espetáculo, pois uma cachoeira se formou nas paredes da barragem. População, políticos e técnicos do Dnocs acompanharam o sangramento simbólico. Em seguida, as comportas foram fechadas para somente serem abertas na cota 100.

O sangramento aconteceu na cota 97,80 metros (em relação ao nível do mar). “No período de seca haverá liberação de água quando for necessário para garantir a perenização do Rio Jaguaribe”, disse o secretário de Recursos Hídricos, Edinardo Rodrigues.

RENDA - Agora, o que a população espera mesmo é ver os projetos de agricultura irrigada, piscicultura e sequeiro começarem a produzir. Afinal, os moradores saíram, em 2001, de suas casas e terrenos nas áreas hoje inundadas com a promessa de que, no novo local, teriam condições de emprego e renda.

E foi justamente o atraso na implantação dos projetos, ainda sem funcionamento, que contribuiu para as famílias ficarem ilhadas, perdendo seus animais nas chuvas de janeiro e fevereiro, quando o rio encheu com uma rapidez que surpreendeu a todos, moradores e técnicos, pois o volume de água foi cinco vezes superior à média histórica, chegando a encher o açude em 250 milhões/m³ em apenas um dia.

É o caso do agricultor Ézio de Almeida Peixoto, que somente há 15 dias deixou o Sítio Aringas e foi para a casa no projeto Mandacaru, depois que ficou ilhado e perdeu parte dos animais domésticos. “Estamos esperando. Muitos já disseram que vão voltar assim que as águas baixarem se a gente não começar a plantar frutas”.

O secretário assegura que os projetos de Curupati e Alagamar vão produzir até julho e o de Mandacaru, até novembro. O governador Lúcio Alcântara diz que o Governo do Estado está identificando empresários que queiram se instalar na região para escoar as frutas e peixes produzidos nos projetos. Nessa perspectiva é que, no próximo mês, deverá estar concluído o trecho de desvio da BR-116 que dá acesso ao Curupati.

O diretor-geral do Dnocs, Eudoro Santana, anunciou a liberação de R$ 1 milhão para a indenização de famílias de Jaguaretama que tiveram suas propriedades inundadas nas últimas chuvas.

Thaís Gonçalves
enviada especial a Alto Santo