Quanto custam os produtos exportados do Ceará para os Estados Unidos? Veja lista
Valores devem ser negociados em alguns itens que podem ser comprados pelo Governo do Estado
Das 10 categorias de produtos mais exportados pelo Ceará para os Estados Unidos (EUA), a de calçados, polainas e artefatos semelhantes e suas partes é a que possui o valor médio do quilo mais caro: R$ 152,87 (US$ 28,30). Ao todo, neste ano, foram exportados em valor R$ 118,58 milhões (US$ 22 milhões).
Os valores são de janeiro a julho deste ano e demonstram uma realidade anterior à entrada em vigor das tarifas de 50% estipuladas pelo presidente Donald Trump. Eles estão no Comex Stat, sistema oficial do governo brasileiro para dados estatísticos do comércio exterior.
O segundo produto com o valor do quilo mais caro a ser exportado pelo Estado para o mesmo destino são as peles e couros, com a média paga de R$ 114,19 (US$ 21,14) e um total de cerca de R$ 32,34 milhões (US$ 6 milhões) enviados nos sete primeiros meses do ano.
Na mesma lista, a categoria com o valor mais baixo em preço médio do quilo é a do ferro fundido, ferro e aço. Ao todo, foi pago R$ 3,19 (US$ 0,59). Porém, esse também o produto mais exportado em 2025, até agora.
Ao todo, foram cerca de R$ 3,05 bilhões (US$ 566,6 milhões), totalizando 946,5 mil em toneladas.
Governo ainda aguarda medidas federais para negociar compra de produtos
Desde o início das tentativas de mitigar os efeitos do tarifaço de Trump, o Governo do Ceará acenou com a possibilidade de comprar parte das cargas que estariam paradas nos portos e nas empresas por conta da nova cobrança.
Os produtos seriam alimentícios e perecíveis, tendo como destino a merenda escolar e o programa Ceará Sem Fome, entre outras ações. Pescados e frutas são produtos que aparecem na lista de possíveis produtos a serem absorvidos pelo mercado interno.
Na última semana, o Governador Elmano de Freitas ressaltou que não pagará os valores praticados na exportação e que espera um bom senso do empresariado na negociação dessas mercadorias.
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Na lista dos 10 produtos mais exportados aos EUA, o pescado aparece com valor médio por quilo de US$ 11,62, e as frutas, US$ 4,40. Em valores, o primeiro somou US$ 27,7 milhões, e o segundo, US$ 12,6 mil.
Questionado sobre as tratativas para se chegar a um preço de compra, o Governo do Estado, por meio da Casa Civil, informou que aguarda o anúncio das medidas federais de mitigação das novas tarifas norte-americanas para iniciar a negociação com os setores de produtos perecíveis.
O que esperar do preço para o mercado interno
Para o economista e gerente do Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (Etene), Allisson Martins, a composição dos preços que serão praticados nas compras desses produtos precisaria "de um estudo criterioso, considerando fatores setoriais, o que levaria tempo considerável".
A questão de preços é mais complexa de se chegar a um valor, em função de questões específicas de cada segmento".
Já Ricardo Eleutério Rocha, economista e membro do Conselho Regional de Economia do Ceará (Corecon-CE), reforçou que os preços que devem ser praticados, não só pelo governo do Ceará como pelos demais estados do País, devem ser inferiores aos praticados no mercado internacional pelos exportadores.
"Na realidade, as medidas anunciadas pelo governo do Ceará e pelo governo federal não resolvem o problema por completo; são medidas que procuram minimizar os impactos supernegativos do tarifaço imposto ao Brasil", avalia.
Ele também lembrou que algumas compras atenderão gratuitamente a população cearense, nas escolas ou em outros ambientes, e isso precisa ser levado em conta.
Equilíbrio fiscal deverá ser considerado
Para Eleutério, é necessário considerar que o Governo do Estado, historicamente, preocupa-se com o equilíbrio fiscal. "Portanto, na medida em que o Estado do Ceará se destaca por esse equilíbrio, ele não deve onerar os gastos públicos, embora vá onerar, a expectativa é de que se onere pouco", analisa.
Ele ainda reforça que a compra é somente uma de um conjunto de medidas que precisarão ser analisadas.
Os setores impactados são bastante distintos: alguns são de produtos de maior valor agregado, de maior densidade econômica, e outros, do setor primário, como produtos agrícolas e pescados.
“Esse será um processo bastante dinâmico, e outras ações devem surgir, além de serem revistas as atuais, enquanto as negociações entre os países forem caminhando”, enfatiza.