Alckmin recebe Elmano e empresários do Ceará para negociar medidas para reduzir impacto do tarifaço
Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros passa a valer a partir de 1º de agosto
Uma comitiva formada por empresários cearenses e liderada pelo governador Elmano de Freitas (PT) deve se reunir, na próxima terça-feira (29), às 9 horas, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), em Brasília. A principal pauta do encontro é a negociação de medidas para reduzir o impacto da tarifa de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos brasileiros.
O petista comandou, neste sábado (26), uma reunião com todo o secretariado e comentou sobre as tratativas com o setor empresarial. A sobretaxa passa a valer a partir do dia 1º de agosto.
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“Estamos reunidos permanentemente. Ontem (sexta-feira, 25) mesmo eu voltei a ter reunião com o presidente da Fiec (Ricardo Cavalcante), e estamos discutindo medidas. Adianto para vocês que essas medidas estão sendo negociadas, nós só podemos falar delas publicamente quanto estiverem devidamente negociadas com os empresários, e parte delas tem a ver com negociações com o Governo Federal”, comentou o governador.
Além de Elmano e do presidente da Fiec, a comitiva deve contar ainda com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Ceará (Faec), José Amilcar de Araujo Silveira, além de outros nomes de diversos setores econômicos do Ceará.
“É para que o vice-presidente possa escutar o governador, o presidente da Fiec e da Faec, mas também ouvir diretamente os empresários cearenses. Nós estamos juntos para buscar superar esses desafios”
Impacto sobre os empregos
Em entrevista à imprensa, o governador reforçou que um dos principais focos de preocupação é com o impacto sobre os empregos que essa tarifa pode provocar.
"Também temos preocupação com os pescados que estão em contêineres, estamos discutindo qual solução podemos dar, da mesma maneira com a castanha de caju e com a cera da carnaúba. Fiz uma discussão específica com a ArcelorMittal, que representa a metade das cargas movimentadas no nosso porto, e 78% do que a ArcelorMittal exporta é para os Estados Unidos. E, neste caso, tem uma situação específica, porque o aço já tem uma tarifa de 50%", disse.
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"Portanto, precisamos saber exatamente como é que vai ser a aplicação disso pelo governo americano e também para ter mais informações. Houve reunião de algumas pessoas do governo brasileiro com o governo americano, então nós queremos ter mais acesso a informações, de qual é o cenário que está sendo colocado na mesa de negociação", finalizou.
Segundo o secretário da Casa Civil, Chagas Vieira, a Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz) está estudando o volume de crédito de ICMS retido. Titular da Fazenda, Fabrízio Gomes confirmou a informação.
"Eu tenho trabalhado com o Consefaz porque a própria Lei Kandir, que é aquele ICMS da exportação, nunca o governo federal, desde 1987, não retornou o que precisa para o crédito de exportação, e a gente vai tentar corrigir o erro histórico", disse.
Uma projeção inicial indica a retenção de R$ 1 bilhão com o imposto, não necessariamente só de exportação. O governo está estudando qual valor é viável para liberação, de forma que mantenha o "equilíbrio fiscal do estado"
Há, ainda, a possibilidade de o Governo Federal ajudar os estados, de o Ceará atuar no sentido de garantir linhas de crédito junto ao Banco do Nordeste (BNB) e ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) às empresas exportadoras. A confirmação, contudo, só virá após a reunião com Alckmin.
Tarifaço
Conforme mostrou o Diário do Nordeste, O Ceará deve ser o estado mais impactado pelo tarifaço de Trump. Dados do Comex Stat, plataforma do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), mostram que 52,2% das exportações do Ceará tiveram como destino os Estados Unidos. O volume de comercialização dos produtos cearenses representou 557 milhões de dólares. Desse total, os setores de siderurgia e de calçados representam as maiores fatias.
No ranking de quantidade exportada para os Estados Unidos, depois do Ceará, aparecem os estados do Espírito Santo (33,9%), Sergipe (31,4%) e São Paulo (19,5%). Já na outra ponta da tabela, estão os estados de Roraima (0,56%), Mato Grosso (1,13%) e Acre (1,25%).