Rede de Bodegas articula mais de 90 grupos pelo Ceará

Formada por quatro iniciativas na Capital, Viçosa, Sobral e Aracati, experiência contribui na ajuda mútua entre elas

Escrito por Redação ,
Legenda: Em Viçosa, a Bodega do Povo é a responsável por articular a feira F
Foto: oto: Arquivo Cáritas CE

Cientes da tamanha organização que os empreendimentos solidários possuem, justamente por praticar o modelo de negócios, cerca de 90 grupos de diferentes vertentes da economia solidária cearenses articularam-se em 2008 para a formação da Rede de Bodegas. O intuito? Formar "espaços coletivos, agroecológicos e solidários, de divulgação e comercialização dos produtos". Assim, a Bodega do Povo (Viçosa), a Bodega dos Arcos (Sobral), a Bodega Nordestino Vivo e Solidário (Aracati) e a Budegama (Fortaleza) foram articuladas pela Rede Cáritas e hoje comercializam a produção de agricultores familiares, associações de mulheres e de jovens artesãos cearenses.

"São espaços que a gente criou para se ajudar. Inclusive, temos um fundo voltado pra isso", conta a representante da Budegama, Luciana Eugênio. Este fundo, atualmente, é a única forma usada pela rede para impulsionar os negócios tanto na compra dos produtos como na estrutura dos pontos de venda.

Gestão independente

Mesmo articuladas e funcionando com base no preço justo e demais práticas solidárias, a forma como os grupos administram as bodegas é distinta. Enquanto a de Fortaleza entra como uma ação da Associação Mulheres em Ação (Ama) e trabalha quase que exclusivamente com bonecas de pano e bolsas feitas pelas próprias mulheres, a de Viçosa comercializa produtos de agricultura familiar e depende da parceria com um sindicato para ter uma sede.

O rendimento varia e chega ser impossível contabilizar dadas as condições peculiares devido aos diversos produtos e o foco dado - algumas não funcionam todos os dias nem em horários convencionais e há "dificuldades por conta do escalonamento da produção".

Elas admitem que deveria ser melhor do que é, mas a dependência de apoios externos para dar seguimento ao projeto e, alguns, sequer possuem a principal renda vinda da bodega, abala o crescimento.

Rodadas de comercialização

"A gente se reúne a cada dois meses para o planejamento das redes e para as nossas rodadas de comercialização", conta Cleidianne Santos, assessora da Bodega do Povo, sobre a forma como elas vendem os produtos umas das outras.

De produtos de higiene, passando pela produção agrofamiliar até as bonecas, elas encomendam o quê e o quanto querem por e-mail ou telefone e, bimestralmente, reabastecem o estoque com os artigos da rede.

Alcance das ações

Responsável por articular os encontros da rede, a Cáritas Regional Ceará conta que, atualmente, atua principalmente na formação para a comercialização de produções de origem sustentável e solidária, em cursos sobre os princípios da economia solidária e segurança alimentar, além do próprio suporte para a organização das feiras da rede.

De 1987 até 2010, segundo o balanço mais recente elaborado pela instituição, foram apoiadas mais de 10 mil famílias a partir de 582 projetos do Fundo Rotativo Regional operado por eles.

A Cáritas Brasil, inclusive, participou, entre 2010 e 2012, do projeto Brasil Local em parceria com a Secretaria Nacional de Economia Solidária (Senaes) para promover iniciativas semelhantes a Rede de Bodegas do Ceará. (AOL)

FIQUE POR DENTRO

Fundo Rotativo Agroecológico Solidário (Fras)

O objetivo central do Fundo Rotativo Agroecológico Solidário (Fras) é permitir que agricultores organizados em grupos ou associações consigam acessar o crédito solidário sem burocracia para custear a implantação ou o melhoramento de unidades produtivas de manejo agroecológico.

O princípio de funcionamento é simples: o agricultor recorre ao Fundo para obter crédito, retorna esse valor num período de tempo acordado com suas possibilidades e esses recursos são utilizados por outra família ou para outras necessidades do grupo ou comunidade, fortalecendo também a organização social e gerando um vínculo de união e solidariedade entre todos os participantes.

As finanças solidárias viabilizam a inserção social das pessoas mais pobres no sistema financeiro e possibilitam a utilização de recursos nas comunidades rurais, que passam a circular gerando riquezas.

Fonte: Cetra

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