Quitar dívidas pode garantir bens desejados

Conselho do educador financeiro Reinaldo Domingo é que a família se una para alcançar os objetivos coletivos

Escrito por Ângela Cavalcante - Repórter ,
Legenda: Domingos defende que toda a família trabalhe com um propósito único para alcançar os objetivos coletivos

Com planejamento financeiro da família priorizando o pagamento de dívidas em detrimento de gastos supérfluos, o consumidor pode driblar os efeitos da crise econômica e realizar sonhos, inclusive sem ter de abrir mão daquelas tradicionais compras de fim de ano, entre os meses de setembro e novembro - o chamado período "B-R-O-Bró", que antecede a chegada do Natal. A dica é educador financeiro, Reinaldo Domingos.

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"Estamos vivendo um momento complexo de alta do dólar, aumento da Selic, descrédito em relação ao Brasil, crise na Previdência, redução para apenas 50% do valor no financiamento de imóveis usados, dificuldade de acesso ao Fies (Fundo de Investimento Estudantil, do governo federal). Ou seja, um cenário de muita turbulência. E nesse contexto o que temos de fazer é olhar para a célula mais importante da nossa vida, que é a família", aconselha.

De acordo com Domingos, os provedores da família, normalmente o pai e a mãe, precisam tomar decisões para conter o desequilíbrio financeiro, que já está comprovado no orçamento familiar, porém eles precisam envolver todos os familiares nessa tarefa. "O que cada membro da família está fazendo ou pode fazer para mudar o padrão ou hábitos de consumo ou as regras da casa? Baixar o valor da conta de energia, reduzindo o consumo em quilowatts, é um dos caminhos. A ordem é reduzir excessos. E esse é um movimento da família toda e não só do provedor. Então o primeiro passo é chamar toda a família para uma reunião. E o propósito dessa reunião é falar dos projeto de vida, sonhos e desejos de cada ente. Porque são os sonhos que movimentam o ser humano. Então ao parar a família para falar sobre os sonhos que pretendem realizar, todos se sentem envolvidos", afirma.

Alinhando interesses

Num primeiro momento, Domingos recomenda que as contas do mês fiquem aguardando para serem abordadas no meio da reunião. "Com todos movidos pelo propósito do desejo, é possível relacionar o sonho coletivo e o sonho individual. Porque para enfrentar essa crise só mesmo com propósitos de vida novos. Essa é a grande sacada. Traçar planos em comum possibilita o resgate da autoestima das famílias", recomenda. Conforme o educador financeiro, depois que o provedor conseguir organizar a lista de sonhos, o próximo passo é saber quanto custa a realização de cada sonho e quanto tempo será necessário para reunir o valor necessário.

"É fundamental registrar os mínimos gastos no primeiro mês para saber o caminho do dinheiro. Ao fim de trinta dias, a família poderá fazer uma reflexão e apresentar propostas de redução nos gastos. Só assim será possível reduzir excessos e canalizar as economias para concretização dos sonhos, como prioridade. É preciso também separar sonhos de curto, médio e longo prazos", alerta.

Reinaldo Domingos garante que a partir desse exercício conjunto é que a família aprende a poupar e a investir nos próprios objetivos. "A grande massa das famílias brasileiras hoje está inadimplente, endividada ou equilibrada, que é aquela situação em que se gasta o que se ganha. Apenas 1% das famílias no Brasil economiza para investir em seus sonhos", estima.

Dívidas e despesas

Nesse sentido, ele afirma que é necessário estabelecer também que dívida vem sempre antes das despesas. "Isso quer dizer que antes de começar a gastar com os presentes de fim de ano, é preciso priorizar o pagamento das dívidas".

Outro ponto importante, de acordo com o educador financeiro, é que gastos de fim de ano, como o Natal e o Dia das Crianças, devem ter por base uma relação do que é necessário de fato. É preciso economizar dentro de um novo orçamento, adequado a crise. E lembrar que no início do ano vem muitas outras despesas como matrícula dos filhos, IPVA, IPTU, entre outros.

Ele também afirma que o uso de cartão de crédito só deve ser feito de maneira planejada. "O cartão de crédito é um instrumento poderoso. Se usado de forma consciente é saudável, podendo ser um aliado. Não parcelar muito e, se parcelar, lembrar que a parcela tem de caber no orçamento mensal", completa.

Cenário

"A grande massa das famílias brasileiras hoje está inadimplente, endividada ou equilibrada, que é aquela situação em que se gasta o que se ganha"

"Apenas 1% das Famílias no Brasil economiza para investir em seus sonhos"

Reinaldo Domingos
Educador financeiro

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