B-R-O Bró traz expectativa de movimentar economia

Após 1º semestre ruim, necessidade de atingir indicadores melhores pesa sobre o último quadrimestre

Escrito por Jéssica Colaço - Repórter ,

Período de tradicional aquecimento das vendas para o varejo, o chamado B-R-O Bró, que compreende os meses de setembro, outubro, novembro e dezembro, adquiriu, desde o ano passado, um peso ainda maior no planejamento dos empresários como estratégia de recuperação e alcance de metas. Enquanto em 2014 foram os feriados sucessivos e a Copa do Mundo que esfriaram o desempenho do comércio, neste ano, foi a instabilidade econômica, aliada à delicada situação política, que agravou essa situação, fazendo com que o último quadrimestre do ano concentre todas as expectativas de crescimento ou, pelo menos, redução da queda no varejo cearense.

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A crise na economia pode também afetar as vendas nesse período, na visão do economista Alex Araújo, que considera ainda ser um pouco cedo para fazer alguma avaliação do comportamento do setor no quadrimestre devido à instabilidade econômica. "Mas é tradicional aumentar as vendas nessa época, há uma expectativa de melhora. Esse ano, talvez o que a gente tenha de diferente sejam os acordos entre lojistas e a indústria para conseguir melhores condições de pagamentos", projeta.

E é exatamente esta uma das estratégias que será adotada pelo varejo, segundo adianta o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves. "A gente espera que possa reduzir ou compensar parte dos custos para que possamos também compensar a perda de vendas, reduzindo os preços e aumentando os prazos", argumenta, reforçando ainda que as promoções e descontos promovidos pelo comércio dependem da flexibilidade do setor industrial.

Além dessa condição, Cid Alves aponta a redução de custos como medida que deve ser adotada pelos empresários como saída para alavancar as vendas nos próximos meses. "É uma pena, porque envolve uma situação delicada, que é a manutenção de empregos, mas para fazer uma promoção ou aumentar o prazo, a gente precisa enxugar todo o estabelecimento comercial".

Crescimento no período

Para aproveitar ao máximo as datas comemorativas do período, como o Dia das Crianças e as festas de fim de ano, acrescenta o presidente do Sindilojas, eles estão negociando, com o sindicato dos trabalhadores, a possibilidade de funcionamento das lojas nos feriados de 7 de setembro e 15 de novembro. O presidente da Ação Novo Centro, Assis Cavalcante, estima que, neste quadrimestre, o varejo consiga crescer entre 2% e 3%, influenciado pelo adiantamento de parte do 13º salário e do fluxo de turistas. "Tem outro fato interessante, que é a redução de 38% nos gastos dos brasileiros com cartão de crédito no exterior, segundo a Receita Federal. A gente espera que esse consumo venha para dentro do País", prevê. O crescimento do varejo até o fim deste ano também depende, segundo o presidente do Sindilojas, do comportamento do mercado internacional.

"Se não houver interferências do mercado internacional, se o dólar voltar a patamares menos desgastantes para a economia, se a bolsa não cair tanto e se as famílias endividadas voltarem aos números anteriores, temos margem para crescer", expõe. Falando em realismo otimista, Alves admite que as vendas deste B-R-O Bró talvez não atinjam o mesmo volume do ano passado. "Mas pelo menos em relação aos oito primeiros meses do ano, vamos crescer".

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