Percepção da economia é pessimista

Índice apurado pela Fecomércio-CE e pelo Corecon ainda aponta queda no otimismo futuro na RMF

Escrito por Redação ,
Legenda: Além do avanço do Produto Interno Bruto (PIB), os analistas se mostraram pessimistas com as demais variáveis, como taxa de inflação
Foto: Foto: waleska santiago

A percepção dos especialistas cearenses quanto ao cenário econômico atual ficou ainda mais pessimista nos meses de novembro e dezembro, ante o bimestre imediatamente anterior. Segundo a quarta edição do Índice de Expectativas dos Especialistas em Economia (IEE), que pontua de zero a 200 as variáveis analisadas, onde abaixo de 100 pontos configura-se uma situação de pessimismo e acima desse valor, otimismo, houve declínio de 91,9 pontos para 88,1 pontos no período - uma deterioração de 4,1% na percepção geral.

Elaborado pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Ceará (Fecomércio-CE) e pelo Conselho Regional de Economia (Corecon), o IEE colheu, entre novembro e dezembro, as perspectivas de cerca de 90 especialistas em economia. Levando em conta apenas a expectativa atual dos entrevistados, o índice marcou 68,5 pontos, apresentando uma queda de 6,8% ante os 73,5 pontos do bimestre anterior.

Deterioração

"Vale salientar que essa pesquisa foi feita após o segundo turno e a divulgação da nova equipe econômica. Mesmo assim, houve deterioração nas expectativas", ressalta o economista e conselheiro do Corecon-CE, Ricardo Eleutério. Segundo ele, isso aconteceu porque os especialistas não acreditam em uma melhora significativa no cenário econômico em 2015, posto que o governo já sinalizou que o ano será de aperto fiscal, com foco no equilíbrio das contas públicas.

"As políticas serão de arrocho, de aumento de impostos, e o preço disso é uma economia estagnada mais uma vez. A verdade é que 2015 deve ser um ano tão ruim como 2014", diz.

Otimismo futuro cai

Entre novembro e dezembro, a percepção futura, de médio e longo prazo, continuou positiva entre os especialistas cearenses, a exemplo do que aconteceu nas duas pesquisas anteriores do IEE. Mesmo assim, tal otimismo foi menor do que o registrado no bimestre anterior, já que passou de 110,3 pontos para 107,8 pontos no último levantamento (um declínio de 2,3%).

"Para a economia começar a melhorar, ela ainda vai piorar um pouco. Somente em 2016 ou 2017 que teremos uma mudança significativa no cenário", opina Ricardo Eleutério. Conforme diz, a queda no otimismo futuro foi influenciada pelo "momento político difícil" que o Brasil vive, com muitos escândalos de corrupção, que acabam "contaminando a economia e a percepção dos especialistas". O economista citou como exemplo as investigações sobre a Petrobras.

Segmentos

Das nove variáveis investigadas pelo IEE, os analistas revelaram otimismo em apenas duas: oferta de crédito (131,9 pontos) e cenário internacional (109,6 pontos). Nas pesquisas anteriores, a taxa de câmbio também era avaliada com otimismo pelos especialistas, mas ficou pessimista entre novembro e dezembro (97,9 pontos), expectativa essa que acabou se confirmando, tendo em vista que o dólar disparou neste mês e acabou atingindo patamares históricos.

O IEE também revelou pessimismo no que diz respeito à evolução do nível da atividade econômica interna, que atingiu 93,6 pontos. Além do avanço do Produto Interno Bruto (PIB), os analistas se mostraram pessimistas com as demais variáveis: taxa de juros (93,6 pontos), nível de emprego (71,3 pontos), salários reais (64,9 pontos), gastos públicos (62,8 pontos) e taxa de inflação (53,2 pontos), que alcançou a menor pontuação, assim como na edição anterior.

Áquila Leite
Repórter

d

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.