Transformações serão mais lentas no futuro

Empresário fala sobre as tendências ligadas à tecnologia na atualidade e como elas deverão impactar a sociedade

Escrito por Redação ,
Legenda: Sobre as mudanças nos meios de pagamento, o empresário Abdallah Hitti defende que, em breve, "cada um de nós será banqueiro de si mesmo"

O senhor afirmou que, no futuro, cada um de nós será banqueiro de si mesmo? Por quê?

Cada um vai poder realizar transações financeiras diretamente, sem precisar ter uma conta no banco, possuindo o seu próprio porta-moedas digital, no smartphone, por exemplo. E esse porta-moedas será protegido pelo sistema de blockchain na hora das transações financeiras.

As mudanças tecnológicas ocorreram de forma muito rápida nos últimos 20 anos. Elas vão continuar nessa velocidade, na sua opinião?

Acredito que não. O mundo não vai continuar nessa velocidade por três motivos. O primeiro é que estamos nos cansando das mudanças tecnológicas ocorrerem sem que a gente consiga nos adaptar às inovações anteriores. O segundo é que estamos com medo de perder o controle da nossa vida, passando a maior parte do tempo conversando no celular e nos esquecemos do que acontece ao redor. O terceiro é que queremos uma conexão tecnológica de qualidade, sem que a gente precise ficar preso em casa.

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O dinheiro de papel deverá ser substituído pela moeda virtual?

Sim, mas de forma gradativa, de acordo com a lei da oferta e da demanda das moedas digitais. A adesão do mercado ao bitcoin, por exemplo, vai aumentar à medida que essa nova forma de pagamento for facilitando o dia a dia do consumidor e das empresas de maneira segura, o que é essencial.

Como o Brasil aparece nesse cenário?

O Brasil está de olhos abertos para as mudanças tecnológicas, contribuindo, inclusive, com a criação de soluções no exterior. Mas está na hora de o governo brasileiro incentivar mais a permanência dessa mão de obra no País, não só no segmento de startups como também em outros.

Sobre os novos meios de pagamento, o senhor disse que, além das universais, moedas locais também ganharão destaque. Como isso vai ocorrer?

Já existem quase 300 moedas digitais no mundo, notadamente na Europa, onde muitas cidades possuem sua própria moeda. A padaria, o açougue e os taxistas, por exemplo, trabalham com essas novas formas de pagamento. Essa é uma tendência que ganhará ainda mais força e não abrange só as relações globais de consumo, como também mercados locais.

Essa transformação tecnológicas influenciarão a cultura do consumo da população no sentido de fazer as pessoas comprarem mais?

O impacto será, sobretudo, na qualidade do consumo, com muito mais praticidade e simplicidade. E não necessariamente na qualidade de produtos e serviços consumidos.

As empresas do Brasil, especialmente os bancos, estão preparadas para esse novo momento?

Nesse contexto de bitcoin e blockchain, as empresas já estão mais abertas a conversar sobre o assunto e perceber que as mudanças relativas aos meios de pagamento são uma tendência. Os bancos estão começando a estudar possibilidades e a trabalhar juntos para uma futura adaptação. Mas as instituições financeiras do País têm outras prioridades hoje. 

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