Tecnologia amplia investimentos; CE busca despontar
São Paulo/Fortaleza. Inteligência artificial, IoT, blockchain e bitcoin são termos cada vez mais comuns entre pessoas, empresas e governos no Brasil, algo que revela a influência das atuais inovações tecnológicas no dia a dia da população, especialmente em segmentos como robótica, conectividade, segurança da informação e meios de pagamento. A maior familiaridade do brasileiro com esses conceitos também demonstra a expansão nos últimos anos do setor de tecnologia da informação (TI), que deverá crescer 5,7% em 2017, de acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Software (Abes). No Ceará, um dos estados da região Nordeste que mais investem na área, um novo cenário cenário começa a ser desenhado, a partir da criação de parques tecnológicos e da atração de grandes empresas do ramo para o Estado.
Mesmo que o Brasil ainda esteja atrás de outros países emergentes como China e Índia em relação a investimentos na área, tendo inclusive perdido posições no ranking mundial do setor em razão da crise econômica, a participação nacional no mercado global de TI vem aumentando consideravelmente nos últimos anos, tendo atingido US$ 38,5 bilhões em 2016. Desse total, US$ 18,8 bilhões (51,5%) foram aplicados no segmento de hardware, US$ 10,2 (26,5%) em software e US$ 8,4 bilhões (22%) em serviços.
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Para ele, o crescimento deste ano previsto para o setor de TI no Brasil deverá ser puxado, principalmente, pelo segmento de segurança da informação, com a crescente demanda de empresas e do poder público por soluções que visam à proteção de dados a fim de evitar fraudes tecnológicas. "Só para a área de segurança da informação, estimamos um incremento de 85% em 2017, algo excepcional para o atual momento do País", acrescenta
Impactos
Camargo também lembra que, nos últimos dois anos, com o agravamento da crise econômica nacional, muitas empresas diminuíram os investimentos em TI e agora estão se atualizando, o que deverá impactar no desempenho do setor em 2017. "As empresas estão recuperando esse atraso de 2015 e 2016, período em que os investimentos foram menores. Mas o mercado brasileiro de TI sempre cresce acima do PIB (Produto Interno Bruto), geralmente o dobro. Se o PIB cresce 3%, por exemplo, o mercado de TI avança 6%", explica.
Mesmo destacando que o Brasil tem vocação para o mercado de TI, algo que estaria ligado à criatividade da população, Camargo aponta as principais dificuldades que atrapalham a abertura e o desenvolvimento de pequenas empresa do setor, a exemplo das startups. Entre as barreiras, o presidente da Abes cita a insegurança jurídica que, conforme ele, ocorre devido ao "excesso de regulamentação" no País, a burocracia desnecessária e a complexidade do sistema tributário.
Por outro lado, observa que, seguindo a tendência mundial, a economia e a sociedade brasileira estão em transformação, sendo a tecnologia da informação peça-chave nesse processo de mudança e quebra de paradigmas. Defendendo que esse é um caminho irreversível, Camargo diz que "o desenvolvimento e a competitividade do Brasil dependerão de como empresas, governos e cidadão irão se inserir na transformação digital" e que "mais do que uma era de mudanças, estamos numa mudança de era".
Conferência
Na última segunda-feira (18), a Abes realizou sua conferência anual, a "Abes Software Conference", com o tema "Negócios Emergentes: do Blockchain ao IoT". O evento ocorreu em São Paulo, reunindo 21 especialistas nacionais e internacionais do setor de tecnologia da informação e comunicação (TIC). Eles debateram as transformações nos negócios provocadas pelas tecnologias emergentes, além de discutir sobre políticas públicas e oportunidades para ampliar a produtividade e a qualidade das empresas da área.
*O jornalista viajou a São Paulo a convite da Abes