Pedro Parente pede demissão da presidência da Petrobras

O agora ex-presidente da estatal esteve reunido com o presidente Michel Temer na manhã desta sexta-feira (1º) . "Minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva", avaliou

Escrito por Estadão Conteúdo ,

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, pediu demissão na manhã desta sexta (1º), em reunião com o presidente Michel Temer. Parente vinha sendo criticado pela insistência com a política de preços dos combustíveis implantada durante sua gestão, que levou a aumentos que culminaram com a paralisação dos caminhoneiros.

Após o anúncio, a Bolsa suspendeu negócios com a Petrobras, já que o Ibovespa Futuro desabou 1.500 pontos. Com isso, os papéis da companhia foram congelados às 11h20. Minutos depois, reabriam com forte queda, por volta do meio-dia, e registraram queda de 14%. Nos Estados Unidos, as ações negociadas da companhia em Nova York caíram 8,35%.

"Minha permanência na presidência da Petrobras deixou de ser positiva e de contribuir para a construção das alternativas que o governo tem pela frente. Sempre procurei demonstrar, em minha trajetória na vida pública que, acima de tudo, meu compromisso é com o bem público. Não tenho qualquer apego a cargos ou posições e não serei um empecilho para que essas alternativas sejam discutidas", disse o executivo na carta de demissão.

Repercussão na Câmara e no Senado

O presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), comentou a demissão de Parente dizendo que "o presidente de uma empresa monopolista como a Petrobras precisa reunir visão empresarial, sensibilidade social e responsabilidade política".

Em um tom diferente, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, também analisou a saída do ex-gestor da estatal. Para ele, a saída de parente é algo "muito ruim" e a presidência da Petrobras "perde um quadro com grande qualidade técnica".

Quase 2 anos no comando

Parente estava no comando da Petrobras desde 1º de junho de 2016. Aos 63 anos, o carioca substituiu Aldemir Bendine - que havia renunciado ao cargo e que seria preso um ano depois, no âmbito da operação Lava-Jato.

Interino ainda hoje

A Petrobras informou que um presidente interino será escolhido pelo conselho de administração da companhia ainda nesta sexta. Disse ainda que não haverá mudanças na diretoria.

ENTENDA O CASO
Saída no contexto da greve dos caminhoneiros e pressão com política de preços

Ao assumir, Pedro Parente disse que recebeu garantias de Temer de que a Petrobras praticaria preços de mercado e não sofreria interferência política. Nas últimas semanas, porém, sua política de preços esteve no centro do debate, com críticas partindo inclusive da base aliada do governo. Para tentar aliviar a pressão grevista, a Petrobras chegou a reduzir em 10% o preço do diesel em suas refinarias.

Nos últimos dias, Parente se dedicou a defender as mudanças na política de preços e na gestão da área de refino da estatal, que entraram no foco do debate eleitoral após o início da greve dos caminhoneiros, no último dia 21. Promoveu duas teleconferências com analistas e gravou vídeos para convencer os empregados que a política é melhor para a empresa.

Em julho de 2017, a Petrobras autorizou a realização de ajustes diários nos preços, alegando que precisava combater importações de derivados de petróleo por terceiros. A partir do início de 2018, porém, a escalada das cotações internacionais do petróleo e a desvalorização do real pressionaram os preços internos dos combustíveis.

As ações da Petrobras estão em intervalo -quando chega um fato relevante de empresa, é normal as negociações dos papéis daquela empresa serem suspensas por 20 minutos. As ADRs (recibos de ações negociadas nos EUA) caiam 7,93% às 11h50 (horário de Brasília).

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