Crescimento do Brasil deve ocorrer nos próximos trimestres, diz Meirelles

Meirelles ponderou que a situação macroeconômica tem que estar ajustada para liberar as forças produtivas do País.

Escrito por Estadão Conteúdo ,
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou nesta segunda-feira, 30, que o crescimento do Brasil deverá voltar a acontecer nos próximos trimestres. Ele ressaltou que o nível de atividade no País passa por um momento de inflexão e seria um erro fixar datas para que isso ocorra. "Temos que focalizar as razões da queda de crescimento, da atividade e da confiança e começar a tomar as medidas macroeconômicas para que o País volte a crescer", disse. 
 
Meirelles ponderou que a situação macroeconômica tem que estar ajustada para liberar as forças produtivas do País. Nesse contexto, os consumidores terão confiança para retornar a comprar produtos, porque quem está empregado terá mais certeza que seu posto de trabalho será preservado e quem está desempregado terá condições melhores para ser contratado.
 
Ele também destacou que nesta conjuntura é preciso que os empresários voltem a ter confiança para investir, empregar mais funcionários e aumentar a produção. 
 
"Para isso a situação macroeconômica do País, principalmente a questão da dívida pública e da inflação, na medida em que isto esteja caminhando na direção correta, vai gerar a restauração da confiança e queda gradual do nível de risco da economia e dos custos de produção", disse Meirelles. O ministro fez os comentários após participar de evento promovido pela Câmara do Comércio França Brasil. 
 
Previdência
 
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou que as propostas de mudança na Previdência ainda estão em discussão e que é natural que os parlamentares sugiram alterações no conteúdo previsto em uma primeira avaliação
 
"Agora nós entramos em um processo de conversa, de discussão, como deve ser em uma democracia. Isso é absolutamente legítimo e desejável. As medidas têm de ser amadurecidas e tomadas da forma adequada", comentou o ministro. "Há manchete de jornal apontando que líderes partidários querem negociar medidas. Seria surpreendente se fosse diferente", complementou.
 
Questões fundamentais
 
O ministro da Fazenda recorreu a metáforas futebolísticas para falar sobre a situação da economia brasileira. Instigado por uma pergunta do ex-ministro do Desenvolvimento Luiz Fernando Furlan sobre a falta de ações de "ataque" do novo governo, Meirelles lembrou que o objetivo final sempre é marcar gols, mas primeiro é preciso parar de tomá-los. A equipe econômica do governo do presidente em exercício, Michel Temer, também não tem margem para erros, na visão de Meirelles, e acredita que a oportunidade do País está em enfrentar as questões consideradas fundamentais para o crescimento.
 
Meirelles ressaltou que existem, sim, ações de "ataque", como o projeto de mudança na governança das estatais e a flexibilização da obrigatoriedade de participação da Petrobras na exploração do pré-sal, entre outras medidas. Ele lembrou, no entanto, que, com a crise, todo mundo "foi para a defesa". Agora é preciso liberar a economia para que as empresas - assim como os atacantes em um time de futebol - refaçam seus planos de investimento e projeções de crescimento. 
 
O ministro lembrou que a crise é uma oportunidade para que o Brasil resolva problemas que enfrenta há décadas, como aconteceu por exemplo com a superação da hiperinflação. Ele contou que, com poucos dias de governo, teve uma conversa com um grupo de analistas da qual surgiram duas mensagens principais: de que é preciso tomar ações urgentemente e que o governo não tem espaço para errar. "Então nós temos de tomar medidas bem pensadas, que funcionem, porque o longo prazo demora, mas chega. A boa notícia é que existem sinais de recuperação da confiança, há indicadores antecedentes mostrando isso", comentou.
 
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