No exterior, imprensa exalta perfil de ministro

Formação e afinidade com o mercado do novo ministro foram características mais citadas por periódicos

Escrito por Redação ,

Londres/São Paulo. A versão eletrônica do jornal britânico Financial Times (FT) trouxe ontem reportagem com tom elogioso ao perfil do novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Para o jornal, a escolha pode representar o início de uma "virada" na economia brasileira. O texto, porém, questiona a autonomia que lhe será dada pela presidente Dilma Rousseff.

"A nomeação de Levy e sua equipe econômica é, potencialmente, o maior ponto de virada para a economia do Brasil desde que Dilma Rousseff tomou posse ao suceder o antecessor popular, Luiz Inácio Lula da Silva, em 2011", cita a reportagem intitulada "Ministro brasileiro testará relação com Rousseff".

O texto destaca a formação na ortodoxa Universidade de Chicago e cita que o ex-secretário do Tesouro Nacional adotou medidas ortodoxas para equilibrar as contas públicas quando compôs a equipe do governo Lula.

Relação com Dilma

Após conversar com ex-colegas de Levy na academia e no setor privado, o FT destaca que o então diretor da Bradesco Asset Management tentava "ver as coisas positivas" que aconteciam no Brasil. Ainda que alguns citem que seria uma tentativa de fazer uma "política viável", outros entrevistados levantam a hipótese de choque com a presidente Dilma Rousseff em "momentos de crise quando ele tentar tomar decisões difíceis".

Um dos entrevistados pelo FT cita que até se o poderoso ex-presidente do Federal Reserve - Banco Central dos Estados Unidos - Ben Bernanke assumisse o Ministério da Fazenda do Brasil "não faria a menor diferença se Dilma não estivesse no mesmo barco". "Ter uma voz da razão e ter uma voz sólida ortodoxa dentro do gabinete é muito valioso, mas, no fim, as políticas serão decisão de Dilma", disse.

Com mesmo destaque para o perfil do novo ministro da Fazenda, outros sites de notícias pelo mundo também repercutiram o anúncio feito pelo Palácio do Planalto no início da tarde de ontem, que oficializou os nomes que irão compor a equipe econômica do governo federal a partir de agora e, espera-se, por todo o segundo mandato de Dilma.

A maioria portais de notícias também apontou os desafios de Joaquim Levy ao longo da segunda gestão do governo Dilma.

Durante o período de transição, que deve durar até o início do próximo ano, Levy e Nelson Barbosa (Planejamento) usarão gabinetes no Palácio do Planalto. Os dois, inclusive, já se reuniram com a presidente e vão trabalhar na montagem de um plano de ajuste da economia.

'Bloomberg'

A rede de notícias norte-americana publicou em sua versão online que a escolha de Levy na Fazenda é uma tentativa de evitar que o Brasil perca o grau de investimento devido ao baixo crescimento e o aumento do rombo nas finanças públicas.

O Bloomberg destacou ainda que Joaquim Levy ajudou a pagar a dívida do país com o Fundo Monetário Internacional (FMI) quando ele ocupava o cargo de secretário nacional do Tesouro, entre 2003 e 2006.

The Wall Street Journal

O jornal norte-americano The Wall Street Journal noticiou em seu site a nomeação dos novos ministros, apontando que a equipe econômica "enfrentará uma enorme tarefa de impulsionar o crescimento econômico, o combate à inflação e recuperar a credibilidade do País nos mercados financeiros". "A nova equipe enfrenta múltiplos desafios. Economistas esperam que o produto interno bruto do Brasil para crescer por uns míseros 0,2% este ano, depois de mergulhar em recessão no primeiro semestre", disse o veículo em reportagem publicada ontem.

Clarín

O periódico argentino Clarín destacou a "forte orientação liberal" do novo ministro e o rompimento de Dilma com a política de centro esquerda que desempenhou ao longo do primeiro mandato no governo.

Ibovespa cai com Petrobras e fala de equipe econômica

São Paulo. Depois de oscilar entre perdas e ganhos, a Bovespa se firmou em queda ontem, conduzida pelo recuo das ações da Petrobras e de bancos, e acelerou as perdas com as declarações dos ministros indicados pelo governo.

O ministro da Comunicação Social, Thomas Traumann, leu nota oficial, que foi televisionada à tarde, confirmando os nomes de Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa para o Planejamento e Alexandre Tombini para continuar no comando do Banco do Central. O comunicado foi seguido por uma entrevista coletiva dos indicados, que não agradou ao mercado, na visão de analistas.

O mau estar dos agentes começou com o anúncio confuso dos nomes dos futuros ministros. O governo adiou a divulgação das 15 horas para as 16 horas, mas voltou atrás sem avisar e leu uma nota confirmando os nomes. Também não agradou o fato de a presidente Dilma não estar presente no evento, dando suporte aos seus escolhidos.

O Ibovespa, que havia virado para o vermelho já com a confirmação dos novos ministros do segundo mandato, chegou a melhorar quando Levy fez seu pronunciamento, mas piorou em seguida, indo para as mínimas.

Segundo Alexandre Wolwacz, diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer, o mercado caiu em si ao perceber que a situação doméstica é bastante delicada e é preciso medidas muito drásticas.

No fim do dia, o Ibovespa fechou em queda de 0,68%, aos 54 721,32 pontos. O volume negócios somou R$ 4,597 bilhões. A bolsa acumula altas de 6,24% no ano e 0,17% em novembro.

Entre os destaques de queda estavam as ações da Petrobras, que foram afetadas pela decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de manter o teto de produção inalterado em 30 milhões de barris por dia após se reunir em Viena. Petrobras ON (-3,92%) e Petrobras PN (-4,68%). Já as ações da Vale, que ensaiaram uma recuperação mais cedo, terminaram com recuo de 0,26% (ON) e estável (PNA).

Do lado positivo, as ações da Gol subiram 7,61%, após as ações da companhia serem impulsionadas pela queda dos preços do petróleo, que se seguiu à decisão da Opep.

Câmbio

O dólar fechou na máxima da sessão de ontem, impulsionado pelas declarações de Tombini, sobre o futuro dos leilões de swaps cambiais da instituição. No fim do dia, o dólar à vista subiu 0,56%, aos R$ 2,5190, maior patamar do dia. O volume de negócios somou US$ 388 milhões, sendo US$ 374 milhões em D+2. O dólar para dezembro subia 0,82%, para R$ 2,5230.

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