Meirelles defende privatizações

Escrito por Redação ,
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Ex-presidente do BC aponta que trajetória de crescimento do País passa ainda por educação

O Brasil é hoje um país estável, mais previsível, atraindo, desta forma, investimentos de grandes corporações globais e nacionais. O dever de casa a fazer, para continuar da trajetória de crescimento de longo prazo, é dotar o território de infraestrutura e investir na educação da população. O diagnóstico foi apresentado pelo economista Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, em palestra realizada ontem, na Capital cearense. "A queda da dívida pública total líquida sobre o produto (PIB), a inflação que seguiu rigorosamente a trajetória de meta definida pelo Conselho Monetário Nacional durante estes últimos anos, orbitando em torno do centro da meta, tudo isto deu maior solidez e previsibilidade à economia brasileira".

Outro fator que o economista considera essencial à previsibilidade e manutenção de investimentos de longo prazo no Brasil é o incremento da classe C. "O mercado de consumo brasileiro aumentou muito. Não só a geração de emprego mas os programas de inclusão social trouxeram a grande massa de brasileiros para o mercado de consumo, dando maior previsibilidade e estabilidade à economia brasileira", frisou.

Considerado peça chave no governo do então presidente Lula da Silva - sobretudo no primeiro mandato, quando o economista deu ao mercado a tranquilidade na condução da política macroeconômica -, Meirelles anunciou logo que não poderia falar sobre temas polêmicos, como juros, câmbio e inflação. O comandante da Autoridade Pública Olímpica (APO) ainda está de "quarentena" - tudo o que disser, pode influenciar o mercado. "Neste momento, não estou me pronunciando sobre aspectos conjunturais de política econômica", respondeu, ao ser questionado sobre o freio ao crédito, como medida de contenção da escalada inflacionária.

Concessão de aeroportos

Meirelles é favorável à concessão dos aeroportos à iniciativa privada, para acelerar as obras necessárias à demanda dos eventos esportivos programados para o Brasil até 2016. Frisou que o processo de privatização está em curso no País há algum tempo. "Nós já tivemos há vários anos, a concessão de rodovias, termelétricas, hidrelétricas", disse, acrescentando o caso emblemático das telecomunicações. "Hoje, telecomunicação não é mais um problema no Brasil. Pode-se discutir qualidade de serviço de uma ou outra empresa, reclamações no Procon, o que faz parte normal do debate da democracia, do direto do consumidor".

O comandante da AOP destacou que existe o interesse muito grande do setor privado nacional e internacional em investir na infraestrutura do País. "E investir em bens e serviços cuja demanda aumentará em função de todos esses eventos que vão ocorrer no Brasil, seja a Copa do Mundo, sejam as Olimpíadas". Acrescentou outros eventos de grande porte: "o Rotary Club me disse que, em 2015, eles vão fazer um congresso mundial em São Paulo e que prevê-se a presença de 40 mil rotarianos visitantes". Para ele, somente este congresso rotariano é um desafio enorme em termos de hoteis e restaurantes. "Existe um grande número de eventos internacionais de grande porte hoje que começam a ser sediados no Brasil e que vão demandar maiores serviços de infraestrutura", comentou.

SAMIRA DE CASTRO
REPÓRTER
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