Dólar cai 11% em junho; maior recuo em 13 anos

A desvalorização da moeda americana foi notada nos preços ofertados nas casas de câmbio de Fortaleza

Escrito por Redação ,
Legenda: A moeda à vista seguiu ontem o movimento de desvalorização global pelo terceiro pregão seguido e terminou cotada a R$ 3,1849, em baixa de 2,04%. Foi o menor valor desde 21 de julho de 2015
Foto: Foto: Agência Reuters

São Paulo/Fortaleza. Depois de passar por um período onde o valor da moeda americana parecia só crescer, o dólar vem sofrendo nos últimos dias uma forte desvalorização, acumulando quedas recordes. O real terminou o primeiro semestre deste ano com ganho de 19,59% frente ao dólar à vista, na casa dos R$ 3,18. Foi a maior valorização global em relação à moeda americana neste ano. Somente em junho, o real avançou 11,46%, a maior alta desde abril de 2003 (+13,23%).

Já o Ibovespa subiu 6,30% em junho. No ano, o índice avançou 18,86%, a maior valorização entre os principais índices globais.

O reflexo da desvalorização da moeda americana foi notado nos preços ofertados nas casas de câmbio de Fortaleza. O menor valor do dólar turismo foi encontrado na Fortur Câmbio, a R$ 3,38, na compra em espécie, e a R$ 3,58 na compra no cartão.

O maior preço foi encontrado na Confidence Corretora de Câmbio, custando R$3,41 à vista, e R$3,60 no crédito. Na Sadoc Câmbio a moeda está custando R$ 3,40, em espécie.

Valor

A moeda norte-americana à vista seguiu ontem o movimento de desvalorização global pelo terceiro pregão seguido e terminou cotada a R$ 3,1849, em baixa de 2,04%. Foi o menor valor desde 21 de julho de 2015, quando fechou a R$ 3,1735.

Já o dólar comercial perdeu 0,74% nesta sessão, a R$ 3,2140, menor valor também desde 21 de julho do ano passado (R$ 3,1740). Em junho, perdeu 11,07% e, no ano, acumula queda de 18,63%.

O principal índice da Bolsa paulista fechou em alta de 1,03%, aos 51.526,92 pontos, apesar do recuo do petróleo no mercado internacional. O giro financeiro foi de R$ 7,9 bilhões.

"Brexit"

Entre os motivos para a forte queda do dólar frente ao real e a alta da Bolsa nos três últimos pregões estão as expectativas de que os bancos centrais adotarão medidas para minimizar os efeitos negativos da saída do Reino Unido da União Europeia, chamada de "Brexit".

Além disso, a leitura do mercado é de que, pelo mesmo motivo, os juros americanos não subirão no curto prazo, o que favorece o Brasil, onde as taxas de juros são altas. O Banco Central sinalizou que não deverá haver corte da taxa básica de juros no curto prazo para combater a inflação.

"O fato de o Banco Central não ter atuando no mercado de câmbio ultimamente empurrou ainda mais o dólar para baixo, uma vez que o mercado seguiu testando o BC, tentando achar um piso para o dólar", comenta Cleber Alessie, operador de câmbio da corretora H.Commcor.

O presidente do BC, Ilan Goldfajn, reafirmou na terça-feira (28) que o câmbio é flutuante, e que a autoridade monetária poderá reduzir sua exposição cambial "quando e se for possível".

Possibilidade de alta

No final da quinta-feira (30), entretanto, o Banco Central do Brasil anunciou que voltará hoje a realizar leilões de swap cambial reverso, que correspondem à compra futura de dólares. Serão ofertados até 10.000 contratos, com vencimentos em setembro e outubro, no montante de até US$ 500 milhões.

Com essa medida, a moeda norte-americana deve voltar a subir. No mercado à vista para esta sexta-feira, o dólar avançava 0,85%, a R$ 3,2119.

Entre os meses de março e maio deste ano, a antiga diretoria da instituição aproveitou a queda do dólar para reduzir sua exposição cambial por meio de leilões de swap cambial reverso. O BC ainda tem um estoque de US$ 62 bilhões em swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares pela autoridade monetária.

Não havia leilões de swap cambial reverso desde 18 de maio deste ano. Esse tipo de operação ajudou a segurar a queda da moeda americana em momentos de forte volatilidade do dólar, especialmente no período do pré-afastamento da presidente Dilma Rousseff no processo de impeachment.

dsa

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.