Crise derruba mais executivos

Escrito por Redação ,

São Paulo. As empresas de Brasil, Argentina e Chile trocaram seus CEOs (presidentes-executivos) mais que qualquer outra região do mundo em 2016. Houve trocas no comando em 17,7% das grandes companhias - a média global foi 14,9%.

A conclusão é de estudo da PwC, que analisou as 2.500 maiores empresas do globo. Dessas, 180 são do chamado Cone Sul, e 140, brasileiras. A taxa da região melhorou em relação à de 2015 (21,1%).

"Os números têm uma relação forte com o ambiente econômico brasileiro", afirma Ivan de Souza, sócio da Strategy& PwC. "A pressão por resultado levou a uma saída maior de presidentes de companhias, tendência que perdeu força em 2016".

Embraer, Natura, Telefônica, Oi e Itaú Unibanco estão entre as grandes empresas que trocaram de CEO em 2016. Em 2015, Banco do Brasil, JBS, Odebrecht, Petrobras e Magazine Luiza substituíram suas chefias.

O estudo identifica quantas saídas foram forçadas, contra a vontade dos executivos, seja por motivo ético ou não. Nesse quesito, a média da região também é a maior, de 5,1%, muito acima da do resto do mundo, que é 2,4%. "Vivemos um ambiente de grande escrutínio. Em alguns casos, isso levou à saída de presidentes para que a empresa pudesse se dissociar de situações de fraude e de corrupção", diz Souza.

Para o consultor financeiro Adeodato Volpi Netto, no Brasil, divergências constantes entre presidência e conselho de administração explicam a rotatividade. Ele cita o caso da Estácio Participações. Em março, o conselho determinou o afastamento do presidente, Pedro Thompson, supondo que ele articulava contra a fusão com a Kroton.

"Não há ambiente corporativo, hoje, para trabalhar em projetos de longo prazo. Os presidentes não têm autonomia para exercer funções independentes do conselho, o que causa a pressão para substituir", diz Netto.

Ainda segundo a PwC, o tempo dos presidentes nas companhias aqui é mais curto. Dos CEOs que perderam o cargo no Cone Sul, a média estava há apenas 2,5 anos, metade da média mundial, de 5 anos. Em todo o mundo, as substituições diminuíram. Em 2015, a média geral foi de 16,6%, mais alta desde o início da pesquisa, em 2000.

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