Consumidor abre mão do carro para economizar

Com as constantes altas no combustível, mais pessoas têm optado por outros meios de transporte

Escrito por Levi de Freitas - Repórter ,
Legenda: A profissional de marketing Raquel Marques e o marido, o gestor financeiro Marcelo Ribeiro, decidiram vender o carro e morar mais perto do trabalho

Os recentes e constantes aumentos no preço dos combustíveis têm obrigado o consumidor a adquirir novas práticas e mudar de hábitos. Não é difícil achar pessoas que optaram por se desfazer de seus veículos automotores em prol da economia com o abastecimento.

Tal prática já tem, inclusive, reverberado no próprio mercado: somente nesta semana, os postos de combustíveis alegam ter notado queda de 30% nas vendas, graças ao último acréscimo da Petrobras de 3,3% na gasolina - que no acumulado desde o fim de agosto, já está em 11% - e 0,1% no diesel, que acumula 8,9% no período.

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Além disso, no caso da gasolina, a diferença média de preços entre um posto e outro chega a 11% em Fortaleza.

Com este cenário, a profissional de marketing Raquel Marques e o marido, o gestor financeiro Marcelo Ribeiro, tomaram uma decisão drástica: venderam o carro e optaram por mudar de casa, pois a gasolina era o segundo maior gasto mensal do casal. "Eu já tive o hábito de ir trabalhar todos os dias de carro. Com o passar do tempo, e os constantes aumentos (do combustível), esse hábito foi mudando. O preço do combustível estava pesando muito no orçamento, a ponto de ser a minha segunda maior despesa. Então, meu marido e eu tomamos algumas decisões importantes, como morar mais perto do trabalho, e vender o carro", disse Raquel.

Ela relatou que passaram a usar mais transportes coletivos, desfizeram-se do carro, mas mantiveram uma motocicleta. "Com a possibilidade de termos transportes compartilhados e aplicativos, fizemos as contas e sairia muito mais barato. Optamos por uma radical mudança nos nossos hábitos e voltamos a usar transporte público em alguns trechos. Mantivemos uma moto de apoio para deslocamentos de longa distância, pois o consumo de combustível é muito menor", enfatizou ela.

A analista de marketing Izolda Ribeiro também tomou atitudes severas para reduzir os gastos mensais com combustível. Ela, que também vendeu o carro, relatou que antes de tomar a decisão buscou informação sobre alternativas de locomoção e traçou uma estratégia. "Tudo foi muito bem pensado. Por isso, antes de me desfazer do carro, conheci aplicativos como Moovit, Bicicletar e Vamo, que são ótimas plataformas para quem quer se locomover sem depender de veículo próprio", disse.

"O Moovit te orienta de um ponto a outro com as linhas de ônibus que te levam até o teu destino, o horário, e ainda te informa a parada que você vai ficar. O Bicicletar é um projeto da Prefeitura que compartilha bicicletas por dia. Já o Vamo, também da Prefeitura, compartilha carros ao preço mínimo de R$ 15 por meia hora. Com essas opções, eu acabei adquirindo uma bicicleta dobrável, ou seja, posso pedalar e depois voltar pra casa de Vamo, Uber ou táxi", contou. Izolda disse que a economia foi sensível. "Senti um grande impacto econômico. Eu gastava R$ 300 de gasolina por mês. Hoje, dou graças a Deus por não ter carro toda vez que passo por um posto de gasolina", enfatizou.

Prejuízos

O diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado do Ceará (Sindipostos-CE), Paulo Sérgio Pereira, relatou que o setor vem acumulando prejuízos, muito graças aos aumentos vindos da Petrobras que resultam no afastamento da clientela.

"Houve três aumentos seguidos, de percentuais menores, e agora um maior, principalmente na gasolina. Não teve como segurar (o preço). Foi um aumento substancial, pois o que estava acontecendo era uma oscilação de preço: aumentava 3%, aumentava 2%, e a gente ia segurando. Mas, de repente, veio esse aumento maior e a gente teve de subir os preços. Mas, realmente, está muito alto. O preço médio está R$ 4,17 na gasolina. E a queda de consumo foi muito grande. Todos os revendedores estão reclamando. Foi uma queda (nas vendas) de aproximadamente 30% a partir de terça-feira (5), quando o preço subiu nas bombas", afirmou.

"Num tempo de recessão e baixo poder aquisitivo, um aumento desses implica em outras alternativas como carona, ônibus, etc. Caiu bastante o consumo. Em dois dias a gente já sentiu. Se baixasse o preço, para nós, era muito melhor. Se tivesse uma queda maior, a gente repassava ao consumidor", disse.

Gasolina cairá 3,8%

Após acumular alta de 11% desde o fim de agosto, o preço da gasolina terá redução de 3,8% nas refinarias a partir de hoje (7), informou a Petrobras. Já o diesel terá alta de 0,7%.

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