Cipp deve ter 415 mil trabalhadores em 2020

A tendência é que a população residente na região seja ainda maior com o desenvolvimento econômico da região

Escrito por Yohanna Pinheiro - Repórter ,
Legenda: Responsável por cerca de 6,1% da força de trabalho do Estado, o entorno do Cipp gerou 21,6 mil empregos formais entre 2010 e 2014
Foto: Foto: Rodrigo Carvalho

Com a chegada de dezenas de indústrias - inclusive a siderúrgica - ao Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp) nos últimos anos, a região vem demonstrando um crescimento populacional superior à média do Estado e deve permanecer dessa forma, pelo menos nos próximos anos. A expectativa é que a população economicamente ativa dos sete municípios do entorno do empreendimento aumente de 401 mil, em 2015, a 415 mil - um crescimento de 3,4%.

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Os dados são do estudo "O mercado de trabalho no entorno do Cipp - Dinâmica recente", divulgado ontem pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). Ele apresenta a situação da oferta de mão de obra na área do entorno do Cipp a partir de dados de Caucaia e São Gonçalo do Amarante, onde o empreendimento está localizado, mas também das cidades de Paracuru, Paraipaba, São Luís do Curu, Pentecoste e Trairi.

O estudo ainda ressalva que a tendência é que a população residente na região seja ainda maior que as estimativas por conta do processo de desenvolvimento econômico da região, fomentado pelo funcionamento pleno da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), pelo maior número de indústrias instaladas na Zona de Processamento de Exportação (ZPE) e a intensificação das atividades do Porto do Pecém.

Responsável por cerca de 6,1% da força de trabalho do Estado e por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) cearense, o entorno do complexo gerou 21,6 mil empregos formais entre 2010 e 2014, contemplando todos os setores econômicos. Dessas novas oportunidades, 90,2% foram ocupadas por trabalhadores com instrução de nível médio ou superior, favorecendo sobremaneira a força de trabalho masculina.

Rendimentos

Em relação aos rendimentos, as mulheres tiveram um ganho real de 24,2% entre os anos de 2009 (R$ 753) e de 2015 (R$ 935), crescimento ligeiramente superior ao rendimento médio masculino (22,1%) no mesmo período, o que reduziu um pouco a desigualdade salarial existente entre ambos gêneros. Ainda assim, a média de ganho dos trabalhadores homens ainda é muito superior (R$ 1.051 em 2009, R$ 1.283 em 2015).

No mesmo período, apesar de os mais escolarizados serem os mais bem remunerados, o maior ganho real foi observado entre os que ainda não tinham concluído o ensino fundamental (42,6%), o que reduziu o leque salarial na região. Entre os trabalhadores desse nível, o rendimento médio mensal cresceu de R$ 659, em 2009, para R$ 940, em 2015.

De acordo com Mardônio Costa, analista de mercado de trabalho do IDT, a função do estudo é direcionar as políticas públicas. "Por exemplo, como 90% dos empregos foram para trabalhadores de nível médio ou superior, a consequência é que os menos escolarizados passam a ter dificuldades adicionais para se inserir no mercado. Precisa-se então de um trabalho que incentive os alunos a concluir o ensino médio para poder concorrer em melhores condições", pontua.

O secretário Josbertini Clementino, titular da pasta de Trabalho e Desenvolvimento Social, avalia que, além da preocupação em proporcionar a criação de novas vagas, é importante que as pessoas que residem na região e os cearenses como um todo sejam capacitados. "O Cipp é uma locomotiva da geração de novos empregos no Ceará, e estamos fazendo uma série de ações juntamente à iniciativa privada para aproveitarmos todas essas oportunidades", explica.

Expectativas

O presidente da Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp), Ricardo Parente, aponta que as perspectivas para as empresas do setor são "as melhores possíveis", principalmente com a abertura do Canal do Panamá. Apesar dos efeitos da recessão terem obrigados os empresários a adaptar seus empreendimentos, ele avalia ser um momento passageiro. "Precisamos saber o que conquistamos até aqui, onde nós estamos e para onde vamos. O objetivo principal é educação, formação da mão de obra", acrescenta Parente.

Potencial 

"O Cipp é uma locomotiva da geração de empregos. Estamos fazendo diversas ações para aproveitarmos todas as oportunidades"

Josbertini Clementino
Secretário do Trabalho e Des. Social do Ceará

"Precisamos saber o que conquistamos até aqui, onde nós estamos e para onde vamos. O objetivo principal é a educação"

Ricardo Parente
Presidente da Aecipp

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