Ceará: força de trabalho cresce 25% em 10 anos

No período, a População Economicamente Ativa do Estado passou de 2,83 milhões para 3,45 milhões, segundo o IBGE

Escrito por Redação ,
Legenda: Público feminino ganhou mais destaque no mercado de trabalho cearense e registrou alta de 36,2%, saltando de 1,09 milhão para 1,48 em dez anos. A PEA do sexo masculino teve alta de 17,5%, saindo de 1,74 milhão para 2,05 milhões
Foto: Foto: Kid Júnior

A População Economicamente Ativa (PEA) do Ceará - formada pela mão de obra com a qual pode contar o setor produtivo - cresceu 25% em dez anos. O número passou de 2,83 milhões, em 2000, para 3,45 milhões, em 2010, segundo o estudo Estatísticas de Gênero: uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, divulgado ontem pelo IBGE. Nesse contexto, o público feminino ganhou mais destaque e registrou aumento de 36,2%, saltando de 1,09 milhão para 1,48 milhão no período em questão. A PEA do sexo masculino teve alta de 17,5%, saindo de 1,74 milhão para 2,05 milhões.

As mulheres também aparecem em evidência em relação à população ocupada do Estado, apresentando crescimento de 48,1% de 2000 a 2010. O número saiu de 907,70 mil para 1,34 milhão. Entre os homens, o crescimento foi de 23,5%, considerando que a população masculina ocupada foi de 1,56 milhão para 1,93 milhão.

"A presença da mulher no mercado de trabalho vem se solidificando cada vez mais no Brasil, e isso não é diferente no Ceará. Essa mudança, que não é de hoje, está relacionada a fatores como a realização profissional e o movimento de emancipação", afirma Mardônio Costa, analista do Mercado de Trabalho do Sistema Nacional de Emprego/Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (Sine/IDT).

Considerando ambos os sexos, o incremento no Ceará foi de 32,5%. O total de pessoas ocupadas passou de 2,47 milhões, em 2010, para 3,27 milhões, em 2010, segundo o estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Carteira assinada

No que se refere ao percentual de indivíduos empregados com carteira assinada, o levantamento revela que o índice teve incremento de 82,1% em uma década no Ceará, saltando de 589,44 mil para 1,07 milhão. O crescimento também foi mais representativo entre o público feminino, mas não superou o masculino nesse quesito. O número de mulheres com carteira saiu de 243,6 mil, em 2000, para 436,5 mil, em 2010, uma variação de 79,1%. Em relação aos homens, o número passou de 345,82 mil para 637,06 mil, alta de 84,2%.

"Os empregos com carteira assinada são muito importantes porque garantem aos trabalhadores acesso à Previdência Social, assegurando ainda direitos como férias, 13º salário e auxílio saúde, por exemplo", acrescenta Mardônio Costa.

Assim como vem acontecendo no Brasil, as mulheres também estão ganhando espaço entre os responsáveis pelas famílias e domicílios no Ceará. Prova disso é que o percentual de mulheres responsáveis pelo domicílio saltou de 26,6%, em 2000, para 38,8% em 2010.

No que diz respeito a trabalhos sem carteira assinada, 29,3% da população cearense integravam essa categoria em 2000. O índice foi para 30,4% em 2010. Entre os homens, o percentual passou de 27,3% para 28,3% no período em análise. Entre a população feminina, o índice mudou de 32,8% para 33,3%, aponta o IBGE.

A população do Ceará cresceu 13,7% em dez anos. Em 2000, haviam 7,43 milhões de pessoas no Estado, número que saltou para 8,45 milhões em 2010.

Atividades

O estudo também mostra a distribuição percentual da população ocupada por setores de atividade: agricultura, indústria e serviços. O setor de serviços, por exemplo, empregava 53,9% da população cearense em 2000, índice que fechou em 57,9% em 2010. Na agricultura, o índice de pessoas ocupadas caiu de 26,4% para 20,8%. Já na indústria, apresentou crescimento, de 19,7% para 21,3%.

A publicação do IBGE apresenta indicadores sobre aspectos populacionais (incluindo famílias e migração), pessoas com deficiência, habitação, educação, mercado de trabalho e rendimento. Além da desagregação por sexo, há também por cor ou raça, situação do domicílio e grupos de idade, entre outras.

Mulheres seguem ganhando menos

Fortaleza/Rio. A exemplo do que acontece no Brasil, as mulheres cearenses ocupadas seguem ganhando menos do que os homens. Segundo pesquisa divulgada ontem pelo IBGE, o rendimento médio dos trabalhadores de sexo feminino do Ceará corresponde a 82% dos ganhos do masculino - acima da média nacional, onde a razão é de 73,9%.

No período de dez anos, porém, a discrepância entre o rendimento médio das mulheres e o dos homens diminuiu um pouco no Estado, revela o Instituto. Em 2000, por exemplo, as trabalhadores cearenses ganhavam, em média, 77,23% dos ganhos masculinos. No Brasil, a porcentagem era ainda menor, de 68,7%.

Contribuição na renda

Nacionalmente, a mulher contribui com 40,9% para a renda familiar; entre os homens, essa contribuição é de 59,1%.

Entre as mulheres de áreas rurais, a participação feminina no rendimento da família é ligeiramente maior (42,4%). A contribuição feminina é mais importante na zona rural nordestina (51%). E é menor na zona rural do Centro-Oeste (26%).

O estudo do IBGE mostra ainda que na maioria dos Estados do Nordeste a contribuição feminina para o rendimento familiar era maior do que a dos homens. Os Estados do Piauí (49,6%), Maranhão (48,7%) e Ceará (47,9%), aliás, apresentaram os valores mais elevados para este indicador. No País, quanto maior a renda, menor a participação feminina no rendimento familiar. Entre os mais pobres (até meio salário mínimo per capita), essa participação foi de 45%. Já entre os que ganhavam mais de dois salários mínimos per capita, a contribuição foi de 39,1%.

Na última década, a taxa de analfabetismo entre mulheres caiu, elas se educaram mais, são maioria no ensino superior, têm distorção menor em relação à idade e à série estudada. Mas isso não eliminou a desigualdade de emprego e renda, quando comparadas aos homens.

Em 2010, 30,4% das mulheres de 16 anos ou mais de idade não tinham qualquer tipo de rendimento, porcentual acima do observado para o total da população nessa faixa etária (25,1%) e para os homens (19,4%). Já foi pior: em 2000, 45% das mulheres não tinham nenhuma renda própria.

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