Carnes: oferta não foi comprometida
Fortaleza/Brasília. O comércio de carnes conseguiu se manter abastecido durante esta semana, apesar da greve dos caminhoneiros. Entretanto, o cenário pode se agravar, caso o abastecimento fique comprometido até domingo (27), já que, apesar da suspensão da greve por 15 dias, duas grandes entidades de classe -Unicam e Abcam - continuam com as paralisações nas estradas.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes Frescas do Ceará (Sindicarnes-CE), Francisco Everton Silva, acredita que a oferta pode cair até 50%, caso a greve se estenda e os estoques não sejam reabastecidos. "Se perdurar por mais 10 dias, não vai mais ter carne fresca em Fortaleza", diz.
Ele explica que a carne é um produto extremamente perecível e, por isso, os frigoríficos trabalham com uma programação de abastecimento dos estoques. "A carne que está vindo para ser consumida na próxima semana está presa nas estradas. Se não for liberada, vai complicar o abastecimento", diz o presidente do Sindicarnes-CE.
"A carne pode ficar no caminhão sem a refrigeração por um período entre 48 e 62 horas, no máximo. Se ela ficar mais que isso sem ligar o caminhão em uma tomada para refrigerar a mercadoria, ela estraga. Se o caminhão estiver ligado na tomada de refrigeração, não tem problema", detalha Everton Silva.
Ele acrescenta que não é possível precificar o impacto a ser repassado ao consumidor, mas diz que deve ser bastante violento. "A princípio, devemos ter aí uma grande redução na oferta. Aí só o tempo vai dizer. Espero que termine até domingo", arremata Silva. No Ceará, são consumidas semanalmente quase duas mil toneladas de carne fresca.
Plantas paradas
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) informou que há relatos de caminhões carregados com animais, paralisados, por todo o País. Em consequência, 120 plantas frigoríficas da cadeia de aves e suínos ficaram paradas nessa quinta.
"Também está travada, em vários pontos, a circulação de caminhões de ração, que levariam alimentos para os criadouros espalhados por pequenas propriedades dos polos de produção. A situação nas granjas produtoras é grave, com falta de insumos e risco iminente de desabastecimento", destacou a Associação Brasileira de Proteína Animal.
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