Canteiros da Linha Leste do Metrô estão vazios há meses

O Governo afirma que o serviço teve "ritmo reduzido". Entretanto, não há trabalhadores ou máquinas nos canteiros

Escrito por Redação ,
Legenda: Segundo pessoas que acompanham a execução, a obra está suspensa
Foto: Fotos: érika fonseca

A construção do empreendimento que, segundo o Governo do Estado, é dotado do maior investimento em mobilidade urbana da história do Ceará (R$ 2,3 bilhões), está praticamente paralisada e não há previsão de quando a execução voltará ao ritmo normal. A Linha Leste do Metrô de Fortaleza, cujas obras foram iniciadas em novembro de 2013, está com canteiros vazios há alguns meses. A denúncia é feita por pessoas que se deparam diariamente com a situação.

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A reportagem foi ao canteiro da estação do Colégio Militar, na Aldeota, na manhã de ontem, e não detectou qualquer movimentação de trabalhadores ou máquinas no local. As execuções ainda não avançaram neste ano, segundo um dos homens que trabalha na segurança do canteiro. "Estão paradas desde dezembro. Só tem o pessoal da segurança aqui", afirmou.

O aposentado Marcelo Lima, 70, passa quase todos os dias em frente às obras, afirma que não vê indícios de que a construção esteja sendo feita, há cerca de três meses. "Só tem mesmo os vigilantes", critica.

Situação semelhante ocorre nas execuções da estação situada em frente ao Fórum Clóvis Beviláqua. "Estão assim há mais ou menos dois, três meses. Antes, havia umas máquinas bem grandes que ficavam jogando água para a pista, mas já tem um tempo que eu não observo nada", afirma o vitrinista Edvan Pereira, 34, que costuma transitar pelos arredores da obra.

"Reformulação societária"

O Governo do Estado, entretanto, não admite que as construções estejam paralisadas. Em nota, a assessoria de imprensa da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) afirma que as obras "tiveram seu ritmo reduzido. O motivo se deve à reformulação societária que está sendo articulada pelo consórcio Cetenco-Acciona, que executa as obras".

A assessoria acrescentou que a pasta está negociando junto ao consórcio a resolução do impasse e a retomada das execuções. Disse ainda que há um limite de tempo para que o ritmo das obras volte ao normal, sob a pena de rescisão do contrato com as empresas vencedoras da licitação. No entanto, não foi especificado o prazo para a retomada. A Acciona, uma das integrantes do consórcio, não quis se posicionar sobre o assunto. A assessoria da empresa respondeu que não está autorizada a responder perguntas da imprensa e disse que isso cabe apenas à Seinfra.

"Tatuzões" sem uso

Com custo total de aproximadamente R$ 128,2 milhões, as tuneladoras destinadas à escavação dos túneis da Linha Leste, conhecidas como "tatuzões", permanecem desmontadas e, portanto, sem utilização. As quatro máquinas foram compradas em 2012, pelo Governo do Estado, da empresa americana The Robbins Company, vencedora do processo licitatório.

Sem dar previsão de quando o maquinário deve entrar em operação, a assessoria de imprensa da Seinfra afirmou que a montagem dos equipamentos "ocorre quando os emboques (entradas dos túneis) ficarem prontos. Nesse ínterim, elas estão armazenadas em local apropriado, próximo ao canteiro da estação Chico da Silva. Todas as medidas para que o material esteja em perfeito estado de conservação estão sendo tomadas pelo Governo do Estado".

Características

Com investimento total de R$ 2,3 bilhões, a Linha Leste recebe recursos do Programa Mobilidade Grandes Cidades, do Governo Federal, do Orçamento Geral da União e financiamento da Caixa Econômica Federal. A contra-partida do Governo do Estado do Ceará é de R$ 1,034 bilhão.

A linha terá 13 quilômetros (km) de extensão, sendo 12 km subterrâneos e 1 km em superfície. O projeto do empreendimento prevê a construção de onze estações: Catedral, Colégio Militar, Luíza Távora, Nunes Valente, Leonardo Mota, Papicu, HGF, Cidade 2.000, Bárbara de Alencar, Centro de Eventos do Ceará e Fórum Clóvis Beviláqua.

Murilo Viana
Repórter

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