Bancos privados disputam uso de recursos do Fundo

Escrito por Redação ,

São Paulo. Grandes bancos privados começam a se movimentar para defender o fim do monopólio da Caixa Econômica Federal na gestão dos mais de R$ 450 bilhões do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A principal bandeira é a promessa de maior rentabilidade para o trabalhador, mas os argumentos passam até pelo tema fiscal com a chance de geração de receita extra para o Tesouro.

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A Caixa reage e prepara discurso de que eventuais mudanças podem resultar em "desequilíbrios econômicos" como crédito mais caro para a casa própria ou redução de recursos para habitação popular.

O movimento que começa a ganhar corpo entre os concorrentes da Caixa tenta aproveitar a agenda reformista do governo Michel Temer para tentar emplacar uma profunda mudança na gestão do FGTS: acabar com a exclusividade da Caixa. Desde 1990, o banco federal é o único administrador do dinheiro depositado mensalmente em nome de todos os trabalhadores com carteira assinada. No fim de 2015, eram mais de 235 milhões de contas e patrimônio de R$ 457,6 bilhões.

Fonte de dinheiro

Concorrentes, especialmente os privados, reclamam que o FGTS representa uma enorme fonte de dinheiro com baixíssimo custo para a Caixa, o que distorceria o funcionamento do mercado bancário. Isso aconteceria porque o Fundo representa uma parcela relevante do chamado "funding" do banco estatal. Para efeito de comparação: o FGTS já representa 70% do total depositado nas cadernetas de poupança no País. "É o dinheiro mais barato disponível no Brasil e canalizado exclusivamente para a Caixa", diz o executivo de um dos grandes bancos privados.

Segundo o executivo, há apoio para a mudança entre os cinco maiores bancos do País: Banco do Brasil, Itaú, Bradesco, Santander e Caixa.

Rentabilidade

Se a regra da gestão do FGTS mudar, dizem apoiadores da ideia, trabalhadores poderiam ter maior retorno para o dinheiro depositado pelas empresas. Atualmente, as contas têm rentabilidade anual de 3% acrescida da Taxa Referencial (TR). O retorno é basicamente a metade do oferecido pela poupança, de 6% + TR. Não há proposta oficial sobre a mesa, mas bancos acenam com a chance de mais que dobrar o valor com rentabilidade de até 10% ao ano. Pela regra atual, o rendimento perde até para a inflação e não alcança sequer os 5% anuais.

Procurado, o Santander informou que "apoia medidas que visem a gradual desregulamentação do sistema financeiro nacional". Banco do Brasil, Bradesco e Caixa informaram através da assessoria de imprensa que não comentariam o assunto. O Itaú não respondeu.

ANÁLISE

Ibovespa recua 1,10%; dólar fica estável

Seguindo o mau humor no cenário externo, com a eleição presidencial americana entrando definitivamente no radar do mercado financeiro, o Ibovespa fechou em baixa de 1,10%, aos 58.053,53 pontos. O giro financeiro foi fraco, de apenas R$ 4,5 bilhões. Os investidores estavam cautelosos com o primeiro debate entre o republicano Donald Trump e a democrata Hillary Clinton, marcado para a noite de ontem.

Os temores são de que aumentem as chances de Trump vencer a eleição. O republicano é considerado uma incógnita por analistas, o que traz incertezas do mercado sobre o rumo da economia americana. Além disso, os papéis de bancos do mundo todo foram influenciados pela queda de 7,5% das ações do Deutsche Bank, após o governo alemão descartar uma eventual ajuda à instituição. O Departamento de Justiça americano está exigindo US$ 14 bilhões do Deutsche para encerrar uma investigação sobre venda de títulos lastreados por hipotecas.

As ações da Petrobras recuaram, apesar da alta do petróleo. O papel PN da estatal caiu 2,11%, a R$ 13,40, e o ON perdeu 1,80%. A R$ 14,70. Os papéis da Vale caíram 0,97%, a R$ 15,18 (PNA), e 1,18%, a R$ 17,44 (ON). No setor financeiro, Itaú Unibanco PN recuou 0,77%; Bradesco PN, -1,24%; Bradesco ON, -0,73%; Banco do Brasil ON, -1,13%; Santander unit, -1,01%; e BM&FBovespa ON, -1,58%.

O dólar fechou estável ante o real. A forte alta do petróleo no mercado internacional impediu a desvalorização da moeda brasileira. A commodity subiu mais de 2% com expectativas positivas em relação à reunião de produtores nesta quarta-feira, na Argélia. Espera-se que se chegue a um acordo para limitar o excesso de oferta global.

Assim, ontem, o dólar comercial fechou estável, a R$ 3,2480. A moeda americana à vista, que encerra a sessão mais cedo, caiu 0,03%, a R$ 3,2292. No exterior, a moeda americana teve comportamento misto.

Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 250 milhões.

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