2015 deve ser ano de ajustes, dizem analistas

Mudanças ligadas à inflação e à política de juros deverão ser feitas pelo presidente que será eleito amanhã

Escrito por Redação ,
Legenda: Para economistas, um dos pontos que precisam ser perseguidos pela futura gestão é o aumento da taxa de investimento
Foto: Foto: Kid Júnior

Diretamente influenciadas pelo período eleitoral, as oscilações expressivas da Bolsa de Valores e do dólar deverão permanecer, no curto prazo, mesmo após o pleito de amanhã. Diante das incertezas quanto às decisões que serão tomadas a partir de janeiro do próximo ano - independentemente de qual candidato vencer a eleição presidencial-, economistas apontam que as próximas semanas ainda serão marcadas pela volatilidade do mercado.

Para o economista e consultor da Federação do Comércio do Estado do Ceará (Fecomércio-CE), Alex Araújo, o mercado só deverá se tornar mais estável quando forem definidos determinados elementos da próxima gestão. Entre esses pontos, indica, está o anúncio da nova equipe econômica, que definirá as medidas a serem tomadas nos próximos anos.

Araújo ressalta que o próximo gestor, não importando o partido, terá de realizar uma série de ajustes relacionados a três fatores centrais - inflação, política de juros e política fiscal. Além de frear a alta de preços e permitir maior crescimento da economia, justifica, o próximo presidente terá de rever os gastos públicos, já em 2015.

Por esse motivo, acrescenta o economista, deverão ser lançadas, no próximo ano, "medidas mais amargas", ligadas ao reajuste da economia. "Independentemente de quem ganhe, isso vai ser feito, com intensidade maior ou menor", frisa.

"Para que esses problemas sejam resolvidos, o presidente vai ter que assumir que eles existem e mostrar interesse em corrigi-los", complementa o vice-presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Ceará (Ibef-CE), Ênio Arêa Leão.

Conforme o economista, entre os pontos que precisam ser perseguidos pela futura gestão está o aumento da taxa de investimento, sobretudo quanto às medidas de longo prazo. Um dos principais alvos de investimento, acrescenta, são projetos ligados à infraestrutura.

Investimentos

Iniciativas voltadas para os setores ferroviário e rodoviário, exemplifica, representam uma solução para entraves que afetam diversas atividades econômicas. "Você resolvendo esses gargalos, já consegue um ganho de produtividade", afirma.

Cenário externo

De acordo com o economista e professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) Ricardo Eleutério, outro fator que deverá tornar 2015 "um ano mais difícil" é o cenário internacional, diante da previsão de baixo crescimento na maior parte da Europa.

Até que sejam feitos os reajustes previstos para a economia, reforça, cortes nos gastos públicos e iniciativas voltadas ao controle da inflação causarão impactos indesejados pela população, ainda que necessários. "Os candidatos só prometem flores mas, em maior ou menor proporção, também virão espinhos", diz.

Variação expressiva

Segundo Ênio Leão, a reeleição da presidente Dilma Rousseff ou a vitória de Aécio Neves, amanhã, podem ter um impacto imediato expressivo no mercado. Contudo, ressalta, as mudanças na Bolsa e no dólar devem se refletir, nas próximas semanas, tanto em altas quanto em baixas significativas. "Quando há cenários com incertezas desse tipo, o mercado tende a exagerar, tanto para mais quanto para menos", ressalta o economista.

João Moura
Repórter

d

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.