Várzea Alegre tem santuário de fé

O monumento mede 12 metros de altura, feito em fibra de vidro pelo artista plástico Adenildo Cavalcante

Escrito por Redação ,
Legenda: O Cristo Ressuscitado foi inaugurado com a presença da população, autoridades religiosas e políticos. A solenidade reuniu milhares de pessoas e emocionou o público presente
Foto: fotos: Erisberto Martins

Várzea Alegre Nesta cidade, localizada na região Centro-Sul, uma expressão de religiosidade popular e de fé atrai a cada ano, no período da Quaresma, uma multidão de católicos que percorre estrada de terra numa extensão de três quilômetros até a Serra do Gravié, onde está a capela erguida em homenagem a Maria de Bil. Neste ano de 2014, a tradicional caminhada ganhou uma motivação maior: a instalação de uma estátua de 12 metros de altura do Cristo Ressuscitado.

A instalação ocorreu após a tradicional Caminhada à Capela de Maria de Bil, evento de forte apelo cultural e religioso, que reuniu cerca de três mil pessoas. O monumento mede 12 metros de altura, feito em fibra de vidro, foi confeccionado pelo artista plástico cearense, Adenildo Cavalcante.

A caminhada marcada por expressão de fé dos católicos partiu da Escola de Ensino Fundamental, Antão Leandro, no bairro Sanharol, onde ocorreu um café comunitário e seguiu um percurso de três quilômetros até a colina da Serra do Gravié, onde está localizada a capela erguida em homenagem a Maria, assassinada brutalmente pelo seu esposo Bil, em uma emboscada, em 11 de março de 1926.

No percurso, os caminhantes foram acompanhados por banda cabaçal, violeiros e os peregrinos assistiram à uma peça teatral com a encenação do martírio de Maria. A notícia de que seria erguida uma estátua de Jesus Cristo Ressuscitado, no entorno da Capela, se espalhou, atraindo um grande público.

Em 2013, durante a IX Caminhada à Capela de Maria de Bil, o prefeito Vanderlei Freire assumiu o compromisso de construir o monumento. O gestor custeou a construção do monumento em parceria com os empresários Sival Bilica, Zé Hélder e Carlos Kléber Correia que fizeram a doação do terreno, construção da base e também do sistema de iluminação em led. A solenidade de entrega da estátua emocionou o público. "Esse monumento é a afirmação da fé em Jesus", disse o gestor. "Cumpre também o propósito de dar à comunidade católica mais uma grande referência de fé e de esperança". A expectativa é de que a estátua do Cristo Ressuscitado também ampliará a visitação à Capela de Maria de Bil, difundindo ainda mais a história em torno da mártir.

O padre José Mota Mendes, pároco da Matriz de São Raimundo Nonato, ministrou a bênção da estátua e declarou que o monumento representa o símbolo maior do cristianismo e fortalece a fé do povo do município e dos peregrinos visitantes.

O secretário de Cultura e Turismo, Milton Bezerra, comentou que a história de Maria de Bil será amplamente conhecida a partir da implantação do monumento do Cristo Ressuscitado. Com o objetivo de oferecer melhor infraestrutura ao local, a Prefeitura já tem recursos garantidos para construir duas praças, sendo uma no entorno da estátua do Cristo Ressuscitado, e a outra que beneficia a Capela de Maria de Bil. A administração municipal também será pavimentada a ladeira de acesso à Serra do Gravié, facilitando a visitação à capela e ao monumento.

Crença

O mito de Maria de Bil se sustenta em provas históricas devidamente documentadas em livro e contadas em depoimentos de pessoas contemporâneas. Por volta de 1919, chegavam a Várzea Alegre, vindos do estado de Alagoas, o casal Clementino Romeiro e Antônia, juntamente com seus três filhos: Severino, Maria e Madalena.

Seguidor do Padre Cícero Romão Batista, Clementino usava o sobrenome de romeiro e teria vindo morar em Várzea Alegre seguindo orientação do próprio vigário. O seu objetivo era trabalhar na construção do açude de Várzea Alegre, projeto inicial do atual açude Deputado Luiz Otacílio Correia (Olho D'água), cujas obras foram suspensas no ano seguinte, 1920.

Maria era uma mulher simples. Casou-se com Bil, este oriundo da região de Iguatu, em 5 de novembro de 1922, na Igreja Matriz de São Raimundo Nonato. O casal continuou morando no sítio Inharé e ali nasceram dois filhos: Necília e José. Durante a sua terceira gravidez, Maria descobriu que sua irmã Madalena mantinha um caso com Bil. Segundo contam, Bil pretendia fugir com Maria e deixar toda aquela confusão para trás. Entretanto, a esposa, magoada pela traição, recusava a proposta do marido e preferiu voltar a morar na casa dos pais.

Com o orgulho ferido por causa do desprezo da mulher, Bil passou a arquitetar a morte de Maria. Em 11 de março de 1926, por volta das dez horas da manhã, quando Maria se dirigia à lavoura na companhia de duas amigas, Bil apareceu de repente armado com uma faca.

Assassinato

As companheiras fugiram e Bil esfaqueou a esposa, atingindo-a com três golpes fatais. Segundo contam, o assassino teria comido parte de uma das panturrilhas da vítima, numa espécie de pacto com forças ocultas, para não ser encontrado nunca mais, fato este que se consumou.

O crime revoltou moradores e causou grande comoção. Maria foi sepultada no Cemitério da Saudade, mas não é possível identificar seu túmulo. Seu pai, Clementino Romeiro, para marcar o local do triste fim da sua filha, fixou uma cruz na estrada.

A partir de então, as pessoas passaram a visitar o local e a rezar pela alma de Maria, além de pagar promessas e agradecer graças alcançadas, segundo dizem, pela sua intercessão. Em 1957, foi construída uma capela no local, que passou a ser ponto de visitação.

Honório Barbosa
Repórter

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