Queda na oferta eleva preço da saca de feijão

Escrito por Redação ,
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Crato. O preço do saco de 60 quilo de feijão de corda reagiu na feira semanal do Crato. Variou entre R$ 50,00 e R$ 70,00. “Foi uma melhora considerável para quem estava no balão de oxigênio”, compara o delegado regional da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece), Francisco José Alves, lembrando que, na semana passada, o saco foi vendido a R$ 35,00. A alta no preço do feijão, segundo Alves, está sendo atribuída à queda na safra.

No meio da feira do Crato, o vendedor Francisco Luiz de Souza lamenta a falta de mercado para o feijão. Ele diz que, mesmo vendendo o saco de 60 quilos por R$ 60,00, ficando em R$ 1,00 o quilo, não encontra comprador. O aposentado Raimundo Santos, residente no bairro do Seminário, aproveitou o preço que, mesmo tendo se elevado, continua atrativo. Ele comprou a saca, transportado-a na garupa da bicicleta. “Vou passar, pelo menos, seis meses sem comprar feijão”, comemora ele.

O delegado da Fetraece informa que, segundo levantamento ainda não concluído, o índice da perda chega a mais de 50%. Ele justifica que, em decorrência do excesso de chuvas e do aviltamento no preço, o feijão apodreceu na roça. O cerealista José Bezerra, conhecido por “Zé Terra Quente”, proprietário de um armazém em Brejo Santo, informou que, no início do mês, muitos produtores transformaram o feijão em pasto para o gado. “O custo de produção está em torno de R$ 75,00 (ensacado). A margem de lucro muito pequena, considerando que o feijão tem risco climático alto”.

A justificativa era de que, com o preço baixo, não compensava colher o produto para vender no mercado. Na oportunidade, o secretário estadual de Desenvolvimento Agrário, Camilo Santana, sugeriu a venda da produção regional à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que estava oferecendo entre R$ 52,20 a R$ 69,60 pela saca de 60kg.

Sem qualidade

Até ontem, nenhum produtor procurou o armazém da Conab, em Juazeiro do Norte, para a venda de feijão. O gerente regional, Raimundo Cândido Damasceno de Souza, presume que os agricultores esbarraram na classificação. Antes de confirmar a compra, técnicos da estatal vão ao local verificar a quantidade, qualidade e as condições de armazenagem do produto. Colhida a amostra, o feijão é classificado de acordo com a qualidade.

Por este sistema, o governo garante a compra do produto por um preço fixado no contrato. Ao final do período contratado, o produtor pode optar por vender o grão ao governo ou então buscar melhor preço verificado no mercado.

A política de preços mínimos garante ao agricultor a remuneração mínima do custo de produção caso haja excesso de oferta no momento da colheita. Com poucas exceções, os preços mínimos dos principais produtos da agricultura brasileira ficaram abaixo do custo de produção. No caso de excesso de oferta, os produtores se sujeitam a vender para o governo pelo preço mínimo porque não encontram alternativas.

ZONA NORTE

Estado de alerta permanece em Sobral

Sobral.
Na manhã de ontem, o nível d’água do rio Acaraú estava com 6,10m, mas na noite anterior chegou a 6,39m, 11cm abaixo da sua maior cheia registrada dia 3, que foi de 6,50. Essa oscilação tem deixado em alerta a Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e a Prefeitura de Sobral. Esses órgãos têm procurado orientar as pessoas que estão em abrigos a permanecerem nesses locais até que a situação ofereça condições para retornarem às suas casas.

“Sabemos que dezenas de famílias resolveram, sem a nossa autorização, retornarem às casas, o que é um grande risco, e, na noite de segunda-feira, tiveram, mais uma vez, que ser retiradas às pressas. Por isso, aconselhamos a permanência nos abrigos e casas onde estão alojadas”, alertou o prefeito Leônidas Cristino.

Desta vez a cheia do rio Acaraú foi ocasionada, segundo técnicos da Defesa Civil em Sobral, pelas chuvas que caíram na região, no fim de semana, e por causa do arrombamento de um açude na zona rural de Cariré. “As águas desse reservatório, que era particular, acabou desembocando no açude Jaibaras, o que fez aumentar sua lâmina de sangria”, justificou Leônidas Cristino.

Além da preocupação com as famílias para não retornarem às residências, a Prefeitura está preocupada também com os problemas de saúde que poderão surgir após a chuva, como virose, gripe, diarréia, doenças de pele e a dengue. “Essa mudança repentina de clima, entre quente e frio ao mesmo tempo, poderá trazer problemas de saúde. Estamos orientando os nossos agentes de saúde para monitorar qualquer surto de virose que venha acontecer”, disse o prefeito.

Em Sobral, de acordo com a Prefeitura, o número de famílias desabrigadas permanece em 510, enquanto que 400 famílias ainda continuam ilhadas. “Essas famílias estão recebendo ajuda por meio de barcos, lancha, e por meio do helicóptero do Ciopaer, que tem nos ajudado neste momento”, destacou Leônidas Cristino. No município, são mais de 27 localidades que permanecem ilhadas. Muitos locais estão sem energia elétrica e também falta água potável.

Outros municípios como Santana do Acaraú, Morrinhos, Marco e Bela Cruz, também, continuam sofrendo com as enchentes do rio Acaraú.

Mais informações:

Conab Escritório Regional - Juazeiro do Norte
(88) 3571.4119
Fetraece
(88) 3521.2426.


Mais informações:

Prefeitura Municipal de Sobral
(88) 3677.1100
Defesa Civil em Sobral
(88) 8812.2537
(88) 9913.6037


Antônio Vicelmo
Repórter

WILSON GOMES
Colaborador