Prostituição infantil avança nos municípios

Escrito por Redação ,
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Foto: Antônio Vicelmo
Fome, miséria e desemprego. Esta é a trilogia de uma das mais aviltantes atividades: a prostituição. A venda do próprio corpo se torna mais degradante, quando a vítima da exploração sexual é uma adolescente, em idade de formação. Em Quixadá, o próprio Conselho Tutelar local revela que tem criança se prostituindo até por R$ 1,00. No Crato, as entidades identificaram 15 pontos onde meninas e meninos se prostituem. Em Sobral, o ‘comércio do sexo’ ocorre em casas de massagens ou através de contato por telefone celular, bem como em postos de combustíveis da BR-222 com grande fluxo de caminhoneiros

Crato (Sucursal) — A prostituição infantil se espalha na cidade do Crato, denunciando a fome e a miséria apontadas como principais causadoras deste comércio ilegal que envergonha a sociedade. O Conselho Tutelar e o Criança identificou 15 pontos de prostituição de menores em Crato. O mais grave: o agenciamento é feito por outros menores que intermediam a exploração do sexo. Alguns mototaxistas são acusados de aliciamentos e até de estupros. Um dos mais freqüentados pontos de prostituição infantil é a área onde esta localizado o posto de fiscalização da Secretaria da Fazenda, no bairro Batateira, parada obrigatória dos caminheiros que praticam sexo nas cabines dos veículos.

Outros pontos estão localizados ao lado de igrejas e de delegacias de polícias e cadeias públicas. São jovens pobres, que vêm de municípios vizinhos ou da zona rural a procura de emprego. “Terminam se prostituindo”, diz o diretor do Projeto Nova Vida, Hermano José de Souza. A entidade é uma Organização Não Governamental que mantém oficinas de trabalho, escolas e cursos profissionalizantes para menores em situação de risco, isto é, que estão à beira da delinqüência.

Os sindicalistas rurais apontam o êxodo rural como principal responsável pela prostituição. Os agricultores se deslocam com suas famílias da zona rural para a cidade a procura de emprego, assistência médica e hospitalar e educação para os filhos. O resultado, geralmente, é o mesmo: a desilusão para os pais e a prostituição as filhas. O crescente número de menores que estão se prostituindo, tem gerado a reação das autoridades que promoveram campanhas, manifestações a palestras denunciando o problema. Esta semana, representantes do Criança estiveram com a delegada Fernanda Gomes de Matos, da Delegacia Municipal da Mulher, solicitando a realização de blitze nos pontos de prostituição e a agilização dos inquéritos dos crimes contra menores. A delegada Fernanda confirme que há muitos processos contra mototaxistas. O problema é o preconceito. A maioria dos casos não é registrada.

Hermano adverte que prostituição é uma forma extrema de discriminação sexual. Legalizar este tipo de violência feminina, como querem alguns setores da sociedade, restringe a liberdade das mulheres, bem como os seus direitos de cidadania. “As emoções e corpos das mulheres devem pertencer apenas a elas próprias. Não podem ser negociadas ou vendidas”. O objetivo da indústria sexual são mulheres jovens, normalmente com menos de 25 anos, muitas vezes ainda adolescentes. Se um Estado permite o florescimento da prostituição, uma certa quantidade de cada geração de mulheres jovens será perdida, diz Hermano, acrescentando que a prostituição causa profundos males à mente e ao corpo. “As mulheres que sobrevivem ao espancamento, violação, doenças sexualmente transmissíveis, drogas, álcool e abuso emocional, saem da prostituição doentes, traumatizadas e muitas vezes tão pobres como quando entrara”, avalia.