Chuva de 152mm alaga Sobral

Escrito por Redação ,
Legenda: Com o temor de novas chuvas, moradores da rua Recife, no Alto da Brasília, fizeram mudanças na manhã de ontem
Foto: F. Edilson Silva
Sobral (Sucursal) - A comissão de defesa civil do município esteve reunida na manhã de ontem, 21, na Prefeitura de Sobral, tratando sobre a situação das famílias desabrigadas em conseqüência de uma chuva de 152 mm, que teve início na tarde de quinta-feira e prolongamento durante a noite. As águas alagaram ruas e casas do centro da cidade e dos bairros Alto da Brasília, Dom José, Coelce, Expectativa, Alto do Cristo, Terrenos Novos, Campo dos Velhos, Cofeco, Parque Silvana, Tamarindo, Sumaré, Padre Palhano, Santa Casa e Sinhá Sabóia.

Foi definido o plantão de uma equipe com médicos e assistentes sociais, trabalhadores braçais, veículos e máquinas pesadas, com a coordenação do Corpo de Bombeiros, para atendimento da população através do telefone 193. Por outro lado, todas as unidades do PSF estão de prontidão. Com a previsão de chuvas para este final de semana, o temor é de que o quadro venha a se repetir com transtornos para toda a cidade.

O levantamento da defesa civil relaciona vinte e seis famílias desabrigadas em Sobral, colocadas inicialmente em duas escolas e depois transferidas para o Clube da Reffsa. ´Na noite de quinta-feira, tivemos mais de 200 famílias desabrigadas. Ontem pela manhã, a maioria voltou para suas casas. Os bairros mais atingidos foram Alto da Brasília e Dom José´, disse o coordenador de defesa civil do município, Quintino Vieira Neto, acrescentando que vem sendo feito um fato de limpeza de todas as bocas de drenagem, como forma de facilitar o escoamento das águas.

O sub-comandante do Corpo de Bombeiros, capitão Wilton Gonçalves, coloca, por sua vez, que foram atendidas mais de 100 ligações, com o atendimento a 25 ocorrências ligadas a alagamentos de residências. A polícia militar e a guarda municipal percorreram todos os bairros, mantendo a vigilância para evitar saques.

´O prejuízo aqui foi grande para todas as famílias. Perdemos geladeiras, televisão, camas, guarda-roupa, cadeiras, todos os móveis´. Este depoimento da dona de casa Benedita Lima de Almeida,40, da rua Recife, no Alto da Brasília, serve para mostrar a situação de desespero. Outra moradora, Maria Edivone Meireles, 51, resolveu deixar a casa. ´A água invadiu tudo.

Estou indo para a cidade de Senador Sá, onde tenho um filho´. Esta situação é comum a vários bairros, como é o caso do Dom José, onde cerca de 200 casas ficaram alagadas na área conhecida como Sem Terra. Também foram atingidas as ruas Jerônimo Prado e Raul Monte. Casas de taipa desabaram na rua José Saboia Neto, conhecida como Vila Sobral.

CASAS DE TAIPA -- ´Tenho 84 anos e nunca tinha visto tanta água. Foram dois metros de água aqui na Vila. O pior é que as coisas de comida desceram na água´, relata a anciã Raimunda Custódio de Souza, que teve parte de sua casa destruída.

A freira Maria da Silva Araújo, que trabalha no bairro, disse que abriu a capela de Nossa Senhora do Perpetuo Socorro para o abrigo de moradores e guarda de alguns móveis.

Ela quer providências urgentes da Prefeitura, uma vez que todas as casas de taipa estão ameaçadas de desabar e abrigam pessoas idosas, crianças, gente doente com problema de pulmão. ´Enquanto os países estão em guerra por poder, aqui vi o povo correndo com objetos na cabeça, durante a noite, tentando salvar o pouco que possuem´, concluiu ela.