O que o auxílio emergencial consegue comprar hoje?

As três faixas do pagamento do benefício têm valor inferior ao da cesta básica em Fortaleza

Escrito por Heloisa Vasconcelos , heloisa.vasconcelos@svm.com.br
pessoa usando celular e carrinho de compras
Legenda: O valor médio do benefício hoje equivale a menos da metade da cesta básica calculada pela Dieese
Foto: Shutterstock

Criado como uma medida emergencial em razão da pandemia, o auxílio emergencial começou no ano passado atendendo 68 milhões de brasileiros com o valor de R$ 600. Hoje, o valor do benefício varia entre R$ 150 e R$ 375 e contempla 45,6 milhões de famílias. 

> Calendário da 7ª parcela do auxílio emergencial 2021 começa nesta semana

Não bastasse a redução substancial no valor do benefício, a inflação vem corroendo o poder de compra dos brasileiros, levando o número de itens na cesta do supermercado a descer.  

De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), o valor da cesta básica em Fortaleza estava em R$ 522,09 em setembro, um valor que não cabe nem mesmo na faixa mais alta do benefício. 

Veja o que entra no carrinho com cada uma das faixas do auxílio emergencial, de acordo com dados da Dieese. 

O que o auxílio de R$ 150 compra 

 

Item 

Preço Unitário 

Quantidade 

Unidade de medida 

Preço total 

Leite 

 R$ 4,75  

Litro 

 R$ 4,75  

Feijão 

 R$ 7,79  

Quilo 

 R$ 7,79  

Arroz 

 R$ 5,90  

Quilo 

 R$ 5,90  

Farinha 

 R$ 4,57  

Quilo 

 R$ 4,57  

Tomate 

 R$ 4,62  

0,5 

Quilo 

 R$ 2,31  

Pão 

 R$ 13,81  

Quilo 

 R$ 13,81  

Café 

 R$ 19,42  

0,3 

Quilo 

 R$ 5,83  

Banana 

 R$ 6,08  

Dúzia 

 R$ 6,08  

Açúcar 

 R$ 3,20  

Quilo 

 R$ 3,20  

Óleo 

 R$ 9,36  

0,9 

Litro 

 R$ 8,43  

Manteiga 

 R$ 51,87  

0,5 

Quilo 

 R$ 25,93  

Carne 

 R$ 40,79  

1,5 

Quilo 

 R$ 61,19  

 

 

 

 

 R$ 149,78 

O que o auxílio de R$ 250 compra 

 

Item 

Preço Unitário 

Quantidade 

Unidade de medida 

Preço total 

Leite 

 R$ 4,75  

Litro 

 R$ 14,25  

Feijão 

 R$ 7,79  

Quilo 

 R$ 15,58  

Arroz 

 R$ 5,90  

Quilo 

 R$ 11,80  

Farinha 

 R$ 4,57  

Quilo 

 R$ 9,15  

Tomate 

 R$ 4,62  

Quilo 

 R$ 4,62  

Pão 

 R$ 13,81  

Quilo 

 R$ 27,61  

Café 

 R$ 19,42  

0,3 

Quilo 

 R$ 5,83  

Banana 

 R$ 6,08  

Dúzia 

 R$ 18,25  

Açúcar 

 R$ 3,20  

Quilo 

 R$ 6,39  

Óleo 

 R$ 9,36  

0,9 

Litro 

 R$ 8,43  

Manteiga 

 R$ 51,87  

0,5 

Quilo 

 R$ 25,93  

Carne 

 R$ 40,79  

2,5 

Quilo 

 R$ 101,98  

 

 

 

 

 R$ 249,81 

O que o auxílio de R$ 375 compra 

 

Item 

Preço Unitário 

Quantidade 

Unidade de medida 

Preço total 

Leite 

 R$ 4,75  

Litro 

 R$ 23,74  

Feijão 

 R$ 7,79  

Quilo 

 R$ 31,15  

Arroz 

 R$ 5,90  

Quilo 

 R$ 23,61  

Farinha 

 R$ 4,57  

Quilo 

 R$ 9,15  

Tomate 

 R$ 4,62  

Quilo 

 R$ 9,25  

Pão 

 R$ 13,81  

Quilo 

 R$ 41,42  

Café 

 R$ 19,42  

0,3 

Quilo 

 R$ 5,83  

Banana 

 R$ 6,08  

4,5 

Dúzia 

 R$ 27,38  

Açúcar 

 R$ 3,20  

Quilo 

 R$ 6,39  

Óleo 

 R$ 9,36  

0,9 

Litro 

 R$ 8,43  

Manteiga 

 R$ 51,87  

0,5 

Quilo 

 R$ 25,93  

Carne 

 R$ 40,79  

Quilo 

 R$ 163,16  

 

 

 

 

 R$ 375,43 

Metade da cesta básica 

O supervisor do Dieese Ceará, Reginaldo Aguiar, calcula que o valor médio do benefício hoje consegue comprar algo em torno de 45% da cesta básica no Ceará, menos da metade. 

Em um cenário desses em que a economia ainda está descompassada, com possibilidade de novos impactos da variante delta e fluxo de setores ainda afetados por falta de matéria prima, é absolutamente necessário que se tenha um mecanismo de garantir que as pessoas consigam sobreviver até a economia voltar a funcionar
Reginaldo Aguiar
supervisor do Dieese Ceará

Ele destaca que a inflação hoje, que já acumula alta de 9,68% em 12 meses, faz com que a situação fique ainda mais difícil, sobretudo para as famílias do Nordeste. “A população se virou como pode. Migrou a carne para ovo, pé de galinha, osso, começou a jantar mingau. Foram os mecanismos para pelo menos não passar fome”, lamenta. 

Reginaldo explica que muito da alta dos preços vem de fatores externos, ligados à alta do dólar e a questões como a crise energética. Isso não traz perspectivas positivas para o supervisor. 

“Enquanto tiver preço dolarizado e a demanda externa se mostrar forte e, mesmo que ela caia e grandes regiões diminuam a produção, se garante que os preços continuem altos por pelo menos um ano”, prevê. 

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.
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