Infectologista explica o risco de novas cepas do novo coronavírus

O que preocupa as autoridades de Saúde é o potencial de disseminação das novas variantes

Escrito por Agência de Conteúdo DN ,
Legenda: Segundo dados divulgados pela Fiocruz, adultos infectados com a variante P1 (Manaus) têm carga viral até 10 vezes maior.
Foto: shutterstock

A comunidade científica internacional vem alertando constantemente para o risco de novas cepas do Sars-CoV-2, por aumentar potencialmente a transmissibilidade do vírus. A linhagem P.1, identificada em Manaus, é uma das cepas que preocupam, tendo inclusive feito alguns casos no Ceará

Segundo dados divulgados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), adultos infectados com esta variante têm carga viral até 10 vezes maior, o que respalda a teoria de que ela possui alta transmissibilidade. "As mutações dessa cepa P1 (Manaus) se mostram muito mais agressivas e possivelmente muito mais transmissíveis", afirma o Dr. Jorge Luiz Nobre Rodrigues, Médico Infectologista, chefe do Serviço de Controle de Infecção do Hospital Universitário Walter Cantídio (HUWC). 

Além da variante P1, também foram identificadas cepas no Reino Unido, África do Sul e Estados Unidos. Como explica o médico, a mutação é uma constante no processo de replicação viral. "O grande número de vírus em alta circulação propicia ambientes para que sofram mutações que os tornem adaptados. Algumas mutações não influenciam em nada e outras melhoram a vida do vírus e, portanto, passam a ser preponderantes", observa Dr. Jorge Luiz Nobre Rodrigues. 

Como desacelerar esse processo? 

Pelo fato de a mutação ser um comportamento natural da replicação do vírus, não há como prever quais mutações surgirão e nem o potencial de novas possíveis variantes. Mas há como desacelerar esse processo. "A vacinação acelerada conjuntamente com distanciamento social e uso correto de medidas de proteção podem mudar esse cenário", afirma o infectologista. 

A recomendação, de acordo com o médico, seria a vacinação em massa para todas as pessoas a partir de 40 anos de idade. "A nossa velocidade de vacinação é muito lenta! E a recomendação seria reforçar lockdown até a curva de transmissão cair abaixo de 1", defende. 

Concentrar esforços em identificar antivirais que sejam efetivos contra o Sars-Cov-2 é outra medida urgente, opina o médico. "Da mesma forma que temos vacinas, essa estratégia farmacológica é crucial. É preciso elaborar trabalhos de pesquisas sérios que realmente identifiquem uma medicação efetiva. As fake news prometendo medicamentos milagrosos são perigosos e dificultam muito o trabalho médico", finaliza Dr. Jorge Luiz Nobre Rodrigues. 

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