Corpo de Giselle é enterrado; família diz que PM atirou quando "carro estava praticamente parado"
Segundo Rochele Menezes, após balearem a irmã, Giselle Araújo, os policiais apontaram quatro armas em direção à filha da vítima, ordenando que a jovem se ajoelhasse na rua
O corpo da universitária Giselle Távora Araújo, 42, foi velado e sepultado, na manhã desta quarta-feira (13), em uma funerária e em um cemitério particular, localizados em Fortaleza. A estudante morreu após ter sido alvejada por um disparo de arma de fogo que a atingiu nas costas, durante uma perseguição policial, na Avenida Oliveira Paiva, situada no bairro Cidade dos Funcionários, na noite da última segunda-feira (11).
Durante o funeral, a irmã da vítima, Rochele Távora Menezes, afirmou o desejo de justiça para com o caso, pontuando que a versão exposta pela Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) não condiz com o que de fato aconteceu. "Eles estão dizendo que a minha irmã avançou o sinal vermelho e entrou na contramão. Ela acelerou apenas quando ouviu a sirene, para fugir, pensando se tratar de um assalto. Dobrou na Avenida Oliveira Paiva, na mão certa, e ele atirou, sendo que o carro estava praticamente parado", ressalta.
"Bastava parar o carro"
Rochele Menezes considera como um ato covarde a maneira com que a abordagem policial foi feita. "Bastava parar o carro, pedir para a minha irmã descer ou atirar no pneu. Ele foi um covarde", pontua a irmã da vítima, afirmando que os militares apontaram quatro armas em direção à sobrinha, filha de Giselle Araújo, ordenando que a jovem descesse do carro e se ajoelhasse no chão da rua. "Ela estava com a mãe baleada ali do lado. Ele assassinou a minha irmã. Quem é pago por nós para nos defender está nos matando? Governador, sua polícia é preparada para matar os inocentes", assevera.
O amigo da vítima, Alexandre Alcântara, julga como lamentável a situação. "Nós podemos ver o despreparo psicológico e intelectual dos policiais quanto ao uso das armas de fogo. O treinamento que é dado a eles é feito em um espaço curto de tempo. Sabemos que os índices de violência são muito altos, e eles não estão preparados para agir da forma adequeda", pondera.
Alexandre Alcântara diz que a vítima não teve nenhuma defesa e que não houve ataque da parte que estava dentro do carro atingido. "Ela não entendeu que aquele sinal de parada era para ela. 'Por que o vidro do carro foi retirado?'. 'Por que o policial atirou se, em tese, para a polícia poder atacar ela tem que ter sido atacada anteriormente?'. A Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce) que explique a situação: 'como a bala chegou até as costas da vítima e a assassinou?'", questiona.