Varejo de moda dribla crise e mantém vendas em alta

Apesar do orçamento apertado, população segue comprando. Enquanto isso, lojistas procuram investir em estratégias para fortalecer marca, fidelizar consumidores e aumentar faturamento

Escrito por Ingrid Coelho - Repórter ,

O imaginário do brasileiro é facilmente dominado pelos desejos de consumo envolvendo produtos de moda. Com um investimento cada vez mais relevante e estratégico para seduzir e fidelizar o cliente, empresas do setor buscam retornar aos patamares do período antes da crise econômica e seguem em busca pelo que há de mais novo para oferecer ao consumidor - que na medida do possível, se esforça para não deixar de comprar.

No Estado, é notável a força do setor dentro varejo. De acordo com o Sindicato dos Lojistas de Fortaleza (Sindilojas), 30% dos empregos no varejo da Capital, considerando as filiadas à entidade, são em negócios de moda. O presidente, Cid Alves, destaca ainda que "a geração de impostos por parte das empresas ligadas à moda é a maior, juntamente com a perfumaria e os cosméticos".

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Enquanto isso, observando o cenário nacional, os números apontam para a pujança da atividade. De acordo a Iemi Consultoria, que reúne uma série de estudos sobre o varejo de moda, o faturamento do setor deve alcançar R$ 204,3 bilhões em vendas neste ano, crescimento de 6,3% ante 2017, cujas estimativas dão conta de um faturamento de R$ 192,2 bilhões. Em peças, a expectativa é de que sejam comercializadas 6,3 bilhões; avanço de 3,2% ante as 6,1 bilhões que a Iemi estima terem sido vendidas no ano de 2017.

E o e-commerce tem importante papel nesta conta. Segundo a plataforma para a criação de lojas virtuais Loja Integrada, o varejo online de moda faturou, no último ano, R$ 2.022.235,44; montante que representa crescimento de 2,49% em relação ao faturamento de 2016 (R$ 1,9 milhão) e representa 53% dos quase R$ 4 milhões movimentados no comércio eletrônico do Estado. A maioria dos consumidores (41,5%) possuía entre 19 e 25 anos. As mulheres representavam 77,4% do público comprador em meio aos 5.817 pedidos apurados pela plataforma Loja Integrada. Em 2016, foram 4.835 transações.

O tíquete médio, entretanto, diminuiu entre 2017 e o ano imediatamente anterior, 2016, passando de R$ 408,08 para R$ 347,64. O dado revela que as pessoas não deixaram de comprar, apesar de aparentemente terem mantido maior controle quanto aos gastos.

Complementaridade

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Fortaleza (CDL), Assis Cavalcante, reforça que a ideia de que a loja física irá sumir para dar espaço ao e-commerce é passado. Ele avalia que as tendências apontam para a complementaridade entre os dois ambientes e que, em Fortaleza, alguns varejistas já atentam e incorporam essa máxima. "Essa história de que a loja física ia sucumbir acabou no momento em que a Amazon instalou sua loja física em Nova York. Isso nos deu o entendimento de que as lojas físicas não irão sucumbir".

Entretanto, o presidente da entidade detalha que o consumo está mudando. "O consumidor, hoje, compra na loja online e vai até o espaço físico apenas para receber ou recebe em casa e, se não gostar, faz a troca na loja física. Elas são o complemento uma da outra", explica ainda Assis Cavalcante.

Ele frisa ainda que, no processo de compra, a experiência é o mais importante. "Independentemente do meio, físico ou online, essa experiência de compra deve ser de êxito", diz o presidente da CDL, acrescentando que, cada vez mais, as lojas se utilizam de aparatos tecnológicos para conhecer o seu público alvo e o modo de consumir. "Há ferramentas que medem os espaços mais 'quentes' da loja, que recebem um fluxo maior de pessoas. Outras fazem uma contagem de estoque em tempo relâmpago".

Expectativa

Para Cid Alves, que representa o Sindilojas, maio deve trazer consigo ares de retomada mais firme. "Aos níveis de 2014, a gente não deve voltar imediatamente", destaca, apresar de ressaltar que o cenário em 2018 já se mostra diferente do que foi visto no ano passado. "A partir de maio, começaremos a ter uma retomada pequena, mas sólida", arremata Cid Alves.

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