Setor produtivo aprova pacote, mas com cautela

Representantes do comércio e da indústria aprovam medidas do BC, mas dizem também que elas não são solução

Escrito por Redação ,

No geral, o setor produtivo cearense recebeu de forma positiva a notícia de que o Banco Central anunciou ontem um pacote de medidas para estimular a economia e aumentar o crédito disponível no mercado. Representantes do comércio e da indústria do Ceará, contudo, também demonstraram cautela sobre os reais efeitos que essa decisão trará para o País, tendo em vista que é algo com prazo de validade e que dificilmente mudará os rumos do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil neste ano, cujo crescimento é de 1,8%, segundo as últimas projeções oficiais.

"São medidas muito positivas. O varejo estava com o pé no freio e acredito que passará para o acelerador, indo na direção de um bom fim de ano", opina o presidente do Sindicato do Comércio Varejista e Lojista de Fortaleza (Sindilojas), Cid Alves. "Não acredito, porém, que isso seja o suficiente para que o PIB nacional feche 2014 acima do patamar de 2%", complementa.

Cid Alves lamentou ainda o fato das medidas anunciadas pelo BC serem provisórias. Segundo ele, o pacote é bem parecido com o adotado pelo governo em 2008, quando a crise internacional chegou ao Brasil. "Outros instrumentos poderiam ser usados para fortalecer nossa economia. Um redução permanente na carga tributária, por exemplo, seria uma excelente notícia", diz.

Acesso é dificuldade

O presidente do Conselho de Economia, Finanças e Tributação da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), Fernando Castelo Branco, também considerou positiva a atitude do Banco Central, mas fez uma ressalva: "o problema não é a falta do crédito, mas o acesso a ele".

Para o representante do setor industrial, o fato do BC mudar regras para injetar até R$ 45 bilhões no mercado não significa que todos esses recursos irão, de fato, para a economia do País. "O que faltam são projetos para a utilização desses recursos. Além disso, as empresas que passam por dificuldades geralmente não podem tomar esses empréstimos, já que há inúmeros requisitos para fazer isso. O que devia acontecer era uma grande desburocratização desse processo", conta Castelo Branco.

Pequenas empresas

Com o pacote de medidas anunciado ontem, o BC também tenta incentivar o crédito para pequenas empresas, já que aumentou de R$ 600 mil para R$ 1,5 milhão o limite de empréstimo para pessoas jurídicas de pequeno porte. Para o superintendente do Sebrae-CE, Carlos Cruz, é preciso conhecer, contudo, as garantias exigidas para a contratação desses valores. "Os recursos são interessantes, mas temos que observar as condições. No geral, as micros e pequenas empresas não têm poupança suficiente para empreender e recorrem aos bancos. As exigências são muito grandes e, na maioria das vezes, essas empresas não conseguem obter o empréstimo", diz.

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