Selic tem novo piso histórico com corte e vai a 6,5%

Alteração foi recebida com otimismo por setores da economia e comemorada pelo presidente do Brasil

Escrito por Redação ,
Legenda: A decisão do Banco Central considera um cenário de inflação abaixo da meta estabelecida pela autoridade monetária

São Paulo. Na 12ª redução seguida da taxa básica de juros, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, ontem (21), cortar a Selic em 0,25 ponto percentual, para 6,5% ao ano. Com isso, o juro atinge um novo piso histórico no País. A decisão veio em linha com o esperado pelo mercado. Dos 43 analistas e casas ouvidos pela agência Bloomberg, 41 apostavam na queda da Selic para 6,5%. Apenas dois viam a taxa estável em 6,75% ao ano.

> Bancos reduzem taxas para o crédito

O novo corte acontece em um cenário de inflação abaixo do piso da meta do BC, que é de 4,5% ao ano, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. Em 2017, o IPCA avançou 2,95%, resultado mais baixo desde 1998. Em fevereiro, a inflação subiu para 0,32%, menor taxa para o mês desde o ano 2000, quando ficou em 0,13%. No acumulado em 12 meses, o IPCA teve leve avanço para 2,86%, o que manteve o índice abaixo do piso da meta definido pelo BC.

"Não tem novidade. É uma inflação que surpreende reiteradamente para baixo e um nível de atividade que não está tão robusto. A redução de juros não está gerando uma queda no crédito para o tomador final, então é mais uma tentativa de o BC desobstruir o canal do crédito do Brasil", avalia André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos.

Ele vê espaço para aumentos de juros ainda neste ano, acompanhando as altas de juros nos Estados Unidos.

No comunicado que acompanhou a decisão, o BC defende que um novo corte na próxima reunião, em maio, é apropriado. "Para a próxima reunião, o Comitê vê, neste momento, como apropriada uma flexibilização monetária moderada adicional". O Copom diz que "este estímulo adicional mitiga o risco de postergação da convergência da inflação rumo às metas".

Além da inflação controlada, o Banco Central também tenta reanimar a economia brasileira. O IBC-Br, indicador de atividade econômica do BC, recuou 0,56% em janeiro. Em dezembro, o indicador havia registrado expansão de 1,16%, em número revisado pelo BC depois de divulgar antes uma alta maior, de 1,41%. A produção industrial mostrou a mais forte retração em dois anos ao encolher 2,4% em janeiro, na comparação com dezembro. O volume de serviços recuou 1,9% na mesma base, no pior resultado para janeiro em seis anos.

Em 2017, a economia brasileira cresceu 1%. No último trimestre do ano, o PIB cresceu 0,1% em relação aos três meses anteriores, dando sinais de que a recuperação da economia ganhou força após a saída da recessão, no início de 2017.

Decisão

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) emitiu uma nota na qual avalia como acertada a decisão de reduzir a taxa Selic. A entidade comemorou a diminuição da taxa para o menor nível da história. Para a entidade, a inflação baixa e o ainda fraco desempenho da economia permitiram ao Banco Central promover um corte adicional na taxa Selic. "A redução das taxas de juros é crucial para estimular o consumo e os investimentos e garantir a recuperação da economia", destacou o comunicado.

Temer comemora

O presidente Michel Temer usou as redes sociais para comentar a decisão do Copom e disse que com isso seu governo vai entrar para a história.

"A minha política econômica está fazendo história. A taxa básica de juros, a Selic, é a menor já registrada, 6,5%, conforme decisão do Copom", escreveu. "E graças à inflação que continua baixando. O resultado é mais investimentos das empresas, mais empregos e maior consumo das famílias", completou.

Opinião do especialista

Inflação baixa e cenário externo contribuíram

Eu acho que a redução da Selic é decorrente da combinação de inflação baixa no Brasil com o cenário positivo lá fora, já que o Banco Central americano elevou a sua taxa de juros. A perspectiva é que agora haja uma certa estabilidade dessa taxa atual, podendo aumentar, caso a inflação dê sinais de aquecimento. A manutenção da taxa baixa deve estimular aqueles investimentos de maior risco, como a Bolsa de Valores. E o governo também vai ter que revisar a regra da poupança porque ela fica muito competitiva, frente a outros mecanismos de investimento. A possibilidade de novas reduções agora ficam mais remotas porque teria que ter um resultado muito mais efetivo de inflação. Mas a inflação brasileira hoje conta com dois componentes que não têm muito controle: o preço do alimento e a variação cambial.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.