'Salariômetro' apresenta reajustes acima da inflação

Escrito por Redação ,
Legenda: Os dados mostram que março foi o terceiro mês seguido em que houve ganhos reais, isto é, acima da inflação, nas negociações

São Paulo. Apesar dos resultados ruins verificados no mercado de trabalho, no mês passado os reajustes salariais negociados ficaram acima da inflação. Das 157 negociações fechadas em março, a média dos aumentos salariais foi de 6,5%. O reajuste obtido ficou em 1,8% acima da inflação acumulada em 12 meses até fevereiro, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), de 4,7%.

Os números fazem parte do projeto Salariômetro, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), que acompanha mensalmente o mercado de trabalho e as negociações coletivas. Os dados mostram que março foi o terceiro mês seguido em que houve ganhos reais, isto é, acima da inflação, nas negociações. O economista Hélio Zylberstajn, coordenador do projeto, explica que o ganho real nas negociações salariais foi obtido porque a inflação está em patamares muito baixos. "A mesa de negociações tem um ímã poderoso que é a taxa de inflação", diz.

O economista observa que muitos trabalhadores repuseram a inflação, alguns ganharam acima da alta de preços. Mas pondera que nem todos vão conseguir aproveitar esse ganho real porque o desemprego ainda é muito elevado e as condições do mercado desfavoráveis ao trabalhador. "Hoje temos uma taxa de desemprego de 13%, muito grande, mas a inflação baixou", afirma. Como a inflação está caindo, fica mais fácil para os trabalhadores obterem a reposição com ganho real, argumenta.

No entanto, Zylberstajn ressalta que esse ganho não significa uma melhoria no mercado de trabalho. A perspectiva é que a inflação até setembro continue em queda e dando espaço para a continuidade dos aumentos reais de salários, apesar do cenário de recessão.

Recuperação do emprego

O resultado negativo do mercado formal de trabalho, que eliminou 63.624 vagas em março, depois do saldo positivo de fevereiro, não surpreendeu o professor economista Hélio Zylberstajn. Para ele, ocorreram pequenas variações que sinalizam uma certa estabilidade, mas considera que a recuperação do emprego é a último ao fim de um período recessivo. Comparados a um passado recente, os resultados dos dois últimos meses mostraram, segundo o professor, uma diminuição no ritmo do fechamento de vagas. Apesar da ponderação, o economista ainda não vê sinais positivos.

Ganho

1,8

Por cento foi o ganho acima da inflação dos reajustes salariais obtidos nas 157 negociações feitas no mês passado, segundo levantamento da Fipe

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