Safra atinge 49% do previsto em 2014; 1 mi de ton neste ano

Mesmo com a previsão de pouca chuva, o IBGE estima que a produção de grãos deve crescer 117,8% em 2015

Escrito por Redação ,
Legenda: A estimativa de participação do milho na produção cearense de grãos é de 70,81%
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Embora haja uma previsão pessimista para o período chuvoso neste ano, a expectativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para a safra de grãos no Estado em 2015, realizada em janeiro, ainda é otimista. Conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do Instituto, a estimativa para a produção deste ano é de 1.143.956 de toneladas, 117,84% superior às 525.146 toneladas obtidas em 2014. No ano passado, aliás, a safra cearense atingiu somente 49,1% do volume previsto para o ano. A produção de grãos em 2014 ficou bem abaixo do esperado. Inicialmente, o prognóstico do IBGE para o ano era de 1.069.109 de toneladas.

"O motivo para este crescimento de perspectiva para 2015 é que em janeiro de 2014 o Grupo de Coordenação de Estatísticas Agropecuárias - GCEA/CE, considerando que o Nordeste enfrentava dois anos secos (2012 e 2013), além do alerta da Fuceme sobre a possibilidade de a seca ser prolongada em 2014, achou mais prudente, alongar o período de referência da obtenção das informações até o dia 28 de janeiro de 2014. A medida objetivou buscar mais subsídios a que se oferecesse dado mais realista, sem incorrer no risco de apresentar dados superestimados, quando a conjuntura atual não oferecia base para tanto", explicou a coordenadora do GCEA, Regina Feitosa.

Os produtos que devem contribuir para o crescimento da área plantada de 2014 para 2015 são algodão herbáceo de sequeiro, fava, feijão de corda de primeira safra (Vigna), milho (grão) e milho (semente).

Já aqueles que apresentam redução na expectativa da produção para este ano são algodão herbáceo irrigado, amendoim, arroz de sequeiro, arroz irrigado, feijão de arranca de primeira safra, feijão de corda de segunda safra, sorgo granífero e mamona.

A estimativa de participação do milho na produção cearense é de 70,81%. Inicialmente, a parcela estava em torno de 68%. O crescimento se deve à expansão do milho híbrido no Estado. O feijão aparece em segundo lugar, com 20,78% de participação.

O arroz registrou redução na participação, passando de 7% para 5,85% na produção. A queda pode ser justificada pelo fato do grão necessitar de muita água e, como precaução, os agricultores devem diminuir a plantação.

Uma queda maior ainda deve acontecer com o feijão de corda de segunda safra, cuja participação já era pequena (1%) e tem previsão de redução para 0,82%. Por ser um produto plantado sob condições de sequeiro ou irrigado, em virtude da diminuição do nível dos reservatórios, os produtores irão encolher as áreas ou até mesmo deixar de plantá-lo.

Frutas frescas

De 19 produtos compostos no grupo, sete apresentaram expansão na previsão de área colhida em 2015 na comparação com a estimada em 2014. Ata (pinha), banana irrigada, goiaba irrigada, goiaba de sequeiro, limão, manga irrigada e seriguela estão entre os produtos que apresentaram ampliação. Já a redução deve acontecer em melão, melancia, acerola, abacate, banana de sequeiro, graviola, laranja, maracujá, mamão, manga de sequeiro, tangerina e uva.

Em relação à participação na produção, o melão aparece na primeira posição da expectativa para este ano (22,84%). Já a banana de sequeiro, que antes ocupava o primeiro lugar, passa para a terceira posição, com 19,68% de participação. A banana irrigada sobe uma posição, ocupando o segundo lugar, com 20,78% da colheita. Maracujá (10,75%) e mamão (9,10%) aparecem em quarta e quinta posições, respectivamente.

País vai produzir 200 mi de toneladas

Brasília. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima a safra 2014/15 em 200,08 milhões de toneladas, volume 3,4% acima do registrado na safra 2013/14. Pelos dados da companhia, a produção de soja deve alcançar 94,58 milhões de toneladas (alta de 9,8% na comparação com a safra anterior). A primeira safra de milho deve registrar colheita de 30,12 milhões de toneladas (-4,8%), enquanto a segunda safra do cereal está projetada em 48,3 milhões de toneladas (-0,3%). As duas, juntas, somam 78,40 milhões de toneladas (-2,1%).

A produção de algodão em pluma foi mantida em 1,54 milhão de toneladas, número que representa uma queda de 11% frente a safra passada. A Conab informou, ainda, que a expectativa para o arroz é de 12,14 milhões de toneladas (+0,2%); para as três safras de feijão é de 3,32 milhões de toneladas (-3,8%); e para trigo é de 5,9 milhões de toneladas.

Expansão

Conforme a Conab, a soja está garantindo praticamente toda a expansão da safra 2014/2015 contra a anterior no Brasil. Dados da Companhia indicam que, entre as culturas de verão, a commodity é a que mais deve crescer - a estimativa da estatal é de avanço de 9,8%, o que deve levar a produção para 94,5 milhões de toneladas, um recorde

Além da soja, apenas sorgo, mamona e arroz terão algum incremento - números residuais frente ao tamanho da produção. Entre as dez culturas do período, para seis a expectativa é de queda. A maior queda entre as culturas de verão, em números absolutos, é a do milho, que deve diminuir 1,6 milhões de toneladas.

Para o feijão, item importante na mesa do consumidor, a estimativa é de uma produção 130,9 mil toneladas menor, queda puxada basicamente pela primeira safra, que apresentou redução de área plantada. As demais safras do produto devem registrar algum avanço.

Seca

A região Centro-Oeste, maior produtora de soja no País, sofreu com o clima entre a segunda quinzena de novembro do ano passado e janeiro de 2015. Segundo a Conab, o estresse hídrico causou "fortes impactos" no desenvolvimento da lavoura e comprometimento da produtividade. Essas perdas, no entanto, foram amenizadas por um clima melhor em outros locais. No Sul, segunda maior região produtora do País, a produtividade cresceu 9,6%. Mesmo com essas diferenças, a safra da commodity deve ser recorde, com 94,57 milhões de toneladas.

Na região do Mapitoba, área de fronteira entre Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, a expectativa é de que chuvas irregulares afetem, mesmo que de forma diferenciada, as lavouras.

Ana Beatriz Sugette
Especial para economia

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