Porto do Pecém embarca em novas perspectivas com Roterdã em 2018

Nova administração do Cipp fortalecerá a ideia do Governo do Estado de transformar o terminal cearense em um hub de cargas marítimas

Escrito por Bruno Cabral - Repórter ,

A confirmação da parceria entre o Governo do Estado e a autoridade do Porto de Roterdã para a administração do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Cipp), prevista para o início de 2018, deverá representar o começo de uma transformação tanto para a região do complexo como para a indústria cearense. A ideia do governo é fazer do Porto do Pecém, inaugurado em 2002, um grande centro de conexões (hub) de cargas marítimas, escoando mercadorias de todo o País. Para os próximos 10 anos, a meta é dobrar a movimentação de cargas.

"O Complexo passará a ter uma nova ordem logística e industrial. Será a porta de entrada e saída do Brasil, não só do Ceará", diz Ricardo Parente, presidente da Associação das Empresas do Complexo Industrial e Portuário do Pecém (Aecipp), sobre as perspectivas para o Cipp. Além da parceria com Roterdã, em 2018, o governo espera confirmar a instalação de uma refinaria de petróleo, de uma indústria petroquímica e de uma unidade de regaseificação de gás natural no Cipp.

Maior porto da Europa e um dos cinco maiores do mundo, o Porto de Roterdã deverá fomentar tanto a movimentação de embarcações e cargas como a atração de novas empresas para o Estado. "O impacto econômico que a gente espera com um projeto como esse é muito grande. Nós prevemos, nos próximos 10 anos, dobrar a capacidade de cargas do Pecém, passando para 28 milhões de toneladas por ano. Hoje, o Porto movimenta em torno de 13 e 14 milhões de toneladas, então é um aumento significativo", diz Cesar Ribeiro, secretário do Desenvolvimento Econômico do Estado (SDE).

Avanço

Nos últimos cinco anos, a movimentação de cargas no Pecém cresceu quase 300%, sobretudo pelo início das exportações de placas de aço da Companhia Siderúrgica do Pecém (CSP), que começou a produção no ano passado. De janeiro a setembro deste ano, o Porto movimentou 11,6 milhões de toneladas, um crescimento de 281% em relação ao mesmo período de 2012 (3 milhões de toneladas).

"Com o aumento da movimentação, você automaticamente tem novas cargas e novas indústrias", diz Ribeiro. "A gente espera que com Roterdã, o Complexo Industrial e Portuário do Pecém tenha uma nova dinâmica e se desenvolva ainda mais, porque eles têm uma expertise muito grande não só na parte de movimentação portuária, mas na questão do arrendamento de áreas (para empresas)".

Segundo Danilo Serpa, presidente do Complexo Industrial e Portuário do Pecém, para 2017, a previsão é crescimento de 40% em relação ao ano passado. Serpa avalia que a parceria com o porto holandês deverá facilitar a atração de investimentos. "A parceria com o Porto de Roterdã continua seguindo o cronograma previsto, estamos confiantes de que a expertise deles nos ajudará bastante no aspecto do desenvolvimento e na atração de novos negócios. O novo momento do Cipp será de ainda mais trabalho, mas com a perspectiva de resultados também ainda melhores".

Duração

Pensada para durar entre 20 e 25 anos, a parceria com Roterdã deverá começar em fevereiro do próximo ano. Até lá, o governo ainda negocia com os holandeses os termos do contrato, como a participação e as atribuições de cada parte além do prazo de duração da gestão compartilhada. "É esperada uma parceria de longo prazo", diz Ribeiro. "Eles querem fazer do Porto uma grande referência porque vão participar de fato da operação. Mas isso vai ser discutido na assinatura".

A expectativa é de que o Porto de Roterdã tenha uma participação minoritária na Cipp/SA, de 10% a 20%. "Mas isso também é uma coisa que pode ser negociada e vai ser validada pelo governador Camilo Santana", diz Ribeiro. "O que a gente quer é formar uma parceria sólida e sustentável e, principalmente, que seja boa para o Estado do Ceará, que tem grandes potenciais, grandes mercados para serem trabalhados de forma compartilhada com Roterdã".

O governo espera que com maior eficiência e menores custos operacionais, o Porto do Pecém sirva como porta de saída para as exportações de outros estados. "Quando a gente fala de Roterdã, a gente fala numa expectativa de um hub que irá escoar não só a nossa produção do Ceará mas, principalmente, a produção de outros estados, que tenham dificuldades de escoar as suas mercadorias, que terão no Porto do Pecém uma grande oportunidade de melhorar suas balanças comerciais".

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