Parcela dos mais pobres sobe 5,6 pontos no Ceará

De acordo com o Índice de Gini, a concentração de renda no Estado tem mostrado uma queda constante

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Redação producaodiario@svm.com.br
Legenda: A proporção do salário na formação da renda familiar entre os mais pobres decresceu, com maior participação de aposentadorias, pensões e "outras fontes", como o Bolsa Família
Foto: Foto: José Leomar

Nos últimos dez anos, a parcela da população cearense que compõe os 40% mais pobres apresentou um crescimento de 5,6 pontos percentuais em participação na renda estadual. Enquanto essas pessoas detinham apenas 9,8% da renda em 2005, em 2015, esse índice aumentou para 15,4%. O dado é da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) divulgada nessa sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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Conforme a pesquisa, nos últimos quatro anos, o índice de Gini, que mede a distribuição de renda das pessoas com 15 ou mais anos de idade, tem mostrado uma queda constante da concentração no Ceará: passou de 0,501, em 2012, para 0,478, em 2013; 0,475, em 2014; e 0,453 em 2015. O mesmo pode ser verificado na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), que passou de 0,487, em 2012, para 0,479, em 2013; 0,455, em 2014; e 0,458, em 2015.

Já a concentração de renda entre os 10% mais ricos caiu 10,2 pontos percentuais no mesmo período, passando de 47,7% em 2005 para 37,5% em 2015. A tendência também pode ser observada na RMF, uma vez que o percentual de participação dessa fatia da população decresceu de 48,3%,em 2005, para 38,9% da renda estadual em 2015.

A queda levou a uma redução do índice de Palma (indicador de desigualdade que compara a renda dos 10% mais ricos com a dos 40% mais pobres) no período, de 4,9 para 2,4. Na RMF, o índice caiu de 4,2 para 2,4.

Por outro lado, o levantamento verificou uma queda nos rendimentos domiciliares, dada a concentração da população nas faixas de menores rendimentos em salários mínimos. As duas faixas mais baixas, até ¼ de salário e entre ¼ e ½ de salário mínimo per capita, apresentaram, em 2015, no Ceará, patamares próximos aos encontrados em 2012 (46,4%).

Políticas sociais

Ao mesmo tempo, de acordo com o IBGE, a queda nos rendimentos teria sido mais acentuada caso não houvesse políticas sociais que protegessem as pessoas na base da pirâmide de rendimentos (sob o princípio de proteção social, com foco nos mais vulneráveis) e a estabilidade nos rendimentos advindos de aposentadorias e pensões.

Outra característica apontada pela pesquisa elaborada pelo IBGE é que a proporção dos rendimentos do trabalho decresceu na composição da renda familiar, tanto para o total da população quanto nas faixas até ¼ e entre ¼ e ½ salário mínimo. Os rendimentos de aposentadorias e pensões e "outras fontes" (que abarcam os rendimentos recebidos de programas sociais, como o Bolsa Família, sobretudo nas faixas mais baixas) vêm avançando em anos recentes.

Rendimentos

Embora a concentração de renda tenha diminuído no Brasil nos últimos anos, o grupo dos 10% mais ricos ainda concentra 40,5% do rendimento dos trabalhadores brasileiros, enquanto os 40% mais pobres ficaram com apenas 13,6% da renda. Em relação a 2005, a concentração da renda entre os 10% mais ricos caiu de 45,3% para 40,5% no País. Já a fatia dos mais pobres subiu de 11% para 13,6%.

A distribuição de renda entre brancos e pretos ou pardos também diminuiu, mas permanece em níveis altos. De acordo com o IBGE, entre os 10% mais pobres, 75,5% se declaram pretos ou pardos, percentual maior que o verificado em 2005, quando eram 74,1%. Já no grupo dos 10% mais ricos, 79,7% são brancos - em 2005, eram 86%.

Com base em dados da Pesquisa Nacional de Saúde, de 2013, o IBGE detectou ainda grande desigualdade com relação ao acesso a bens e serviços. Entre pretos e pobres com mais de 18 anos, 45% não haviam concluído o ensino fundamental, 60,8% não têm acesso à internet em seu domicílio, 53,1% não possui máquina de lavar e 76,8% não têm acesso a um plano de saúde. Entre as pessoas brancas, os números são 32,6%, 40,7%, 27,2% e 60,1%, respectivamente.

"Há muito trabalho a ser feito. Um país desigual como o Brasil necessita de políticas públicas para reduzir a desigualdade", disse o coordenador da pesquisa do IBGE, André Simões.

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